Na escola primária e sem amigos, John Bennett é uma criança que conta com Ted, o seu ursinho de peluche, para tudo. Numa noite como tantas outras, deseja que Ted fosse real, um amigo verdadeiro que lhe fizesse companhia e com quem pudesse partilhar segredos e conversas. E, na manhã seguinte, vê que o seu desejo tornou-se realidade; realidade essa que lhe vai acompanhar até ao presente, onde em plena vida adulta vê o seu coração dividido por um boneco animado - entretanto estrela cadente num mundo de celebridades - e Lori, a mulher dos seus sonhos, que começa a ficar farta da faceta eternamente infantil de John. De ursinho carinhoso a urso sem modos e de linguagem grosseira, Ted vai ter que finalmente arranjar um emprego e tornar-se independente. Com umas quantas prostitutas e festas pelo meio, às quais nem o mítico Flash Gordon escapa.
Estreia na realização cinematográfica de Seth MacFarlane, conceituado criador de animações televisivas como "Family Guy", "American Dad!" ou "The Cleveland Show" - ele que começou por escrever alguns episódios de clássicos infantis como "Dexter's Laboratory" ou "Johnny Bravo" -, "Ted" é uma comédia divertida e competente - a tecnologia live action da personagem a que Seth dá voz é tecnicamente e visualmente deslumbrante e credível - ao bom estilo do humor que o autor aplica à família Griffin na televisão. Sexo, drogas ou miúdos obesos são assuntos triviais numa linha narrativa sem tabus, onde inúmeras gargalhadas são inteligentemente misturadas com alguma empatia do espectador em relação ao "triângulo amoroso" que nos é apresentado. Não, "Ted" não é um filme sem falhas: há piadas e cenas falhadas - excrementos de prostituta e todo o processo de limpeza não revelam grande astúcia criativa -, Mark Wahlberg não é propriamente um poço de talento e faltam personagens secundárias ricas, tal como acontece nos produtos televisivos de MacFarlane. Mas, apesar de tudo isso, referências culturais diversas, cameos deliciosos - de Norah Jones a Tom Skerritt, de Ryan Reynolds a Sam "Flash" Jones - e uma irreverência inédita nas cada vez mais batidas comédias de estúdio norte-americanas, fazem de "Ted" a melhor comédia do ano até ao momento.
1 comentário:
Não estava nas minhas previsões o ver....talvez assim o coloque na lista...que já vai, para não variar, grande.
Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo
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