sábado, dezembro 22, 2012

Vertigo, Midas e Qualidade (ou falta dela)


Numa estratégia muito interessante de rentabilizar e valorizar algumas das jóias da sua coroa, a Midas dá início a um programa de reposição de grandes clássicos nas salas de cinema, uma forma inteligente de atrair novos - e velhos - cinéfilos para as cadeiras almofadadas dos cinemas UCI, que de forma sensata aderiram em exclusivo a esta iniciativa. Para (re)ver um dos clássicos de Hitchcock, conhecidos meus já foram uns quantos que não colocavam os pés numa sala de cinema desde os anos noventa. Sim, mais de uma década. Promoção nos media, tradicionais ou tecnológicos, também não tem faltado. Restam dúvidas do potencial do conceito?

Do conceito duvido, mas diz-nos a polémica da semana que da qualidade de "Vertigo" sim. Não sei bem o que será um filme de qualidade, mas sei que o filme de Hitchcock, recentemente considerado o melhor de sempre pela conceituada "Sight and Sound", merecia mais esse rótulo que títulos como "Apocalypto", "The Queen", "Eragon" ou "World Trade Center", apenas para citar alguns que receberam a distinção em 2007, por exemplo. Caramba, para ser honesto, não há praticamente nenhum título que tenha recebido essa classificação da Comissão da Classificação de Espectáculos da Secretaria de Estado da Cultura que merecesse mais que "A Mulher que Viveu Duas Vezes", pela sua importância na história da Sétima Arte e na filmografia de incontáveis realizadores no último meio século.

Ainda a propósito do clássico de Stewart e Novak, com a belíssima São Francisco como pano de fundo - e como eu amo a cidade de Alcatraz e da Golden Gate -, convidaram-me esta semana que passou por e-mail para escrever um parágrafo sobre o mesmo, bem como desvendar qual seria para mim o melhor filme de todos os tempos. Por muita vontade que tivesse de participar e meter o meu querido "Dr.Strangelove" ao barulho, tive que recusar o convite por uma razão tão simples quanto vergonhosa de admitir no início da semana: nunca tinha passado duas horas da minha vida a aproveitar "Vertigo". Problema que felizmente ficou resolvido esta última madrugada. E sim, "A Mulher que Viveu Duas Vezes" é um recital brilhante de suspense, de cinematografia, de frustrações e desilusões. Mas não é o melhor de sempre e, permitam-me a ousadia, não é sequer o melhor de Hitchcock.

1 comentário:

Os Filmes de Frederico Daniel disse...

Hitchcock é melhor, mas até gostei do "Eragon": 3*

"Eragon" é um filme do qual gostei e que me cativou, apesar de não me ter cativado como esperava que fizesse.

Cumprimentos, Frederico Daniel.

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