Jack Reacher, ex-militar responsável pela Unidade de Investigações Especiais, agora um fantasma a viver ninguém sabe bem onde nem com quem. Com uma atenção aos pormenores irrepreensível, uma memória de elefante e um sentido de justiça único – a justiça é para ele um valor que está acima do bem ou do mal -, Reacher reaparece do nada quando James Barr, um ex-subordinado seu dos tempos de combate no Iraque, é acusado do assassinato aparentemente frívolo e sem razão de cinco pessoas que passeavam junto ao rio. Inicialmente com poucas dúvidas da culpa de Barr devido ao seu passado problemático, Jack Reacher vai, no entanto, rapidamente perceber que tudo não passa de uma gigantesca conspiração empresarial que visa incriminar um ex-militar com severos problemas psicológicos.
Realizado e semi-escrito por Christopher McQuarrie, a mente brilhante por detrás do guião muito pouco convencional de "The Usual Suspects", "Jack Reacher" é uma adaptação cinematográfica muito personalizada do mítico herói dos comics policiais de Lee Child. Com uma pré-produção turbulenta devido à escolha de Cruise para o papel principal ter deixado os fãs da saga literária altamente desiludidos – a constituição física, para começar, não batia certo nem de perto nem de longe -, a verdade é que o actor consegue dar ao personagem a profundidade e o carisma que este merecia: o Reacher de Cruise é tão simples quanto refrescante e é ele quem conduz a história. Poderá ser algo redutor, mas a verdade é que Tom, a celebridade, está esgotada nas suas demais essências, da religiosa à sentimental; mas Cruise, enquanto actor, continua a ser implacável diante das camaras, uma máquina internacional de bilheteira que, quase por si só, garante sequelas a qualquer projecto com uma porta aberta a isso mesmo (e o que não falta a Jack Reacher, o herói, são livros para ser adaptados).
Por fim, destaque mais do que óbvio para o surpreendente vilão... Werner Herzog. Com uma presença estrondosa, o conceituado realizador germânico precisa de poucas falas e de poucas cenas para intimidar e, assim, credibilizar uma personagem de propósitos tão vagos quanto misteriosos. Robert Duvall, velho conhecido de Cruise na tela, dá também uma perninha com uma personagem secundária que lhe assenta que nem uma luva e a ex-vilã Bond Rosamund Pike convence o espectador na sua dicotomia conflituosa entre aspecto frágil e atitude corajosa. Apesar dos terríveis resultados de bilheteira internos, a aura internacional de Cruise salvou a Paramount de um fiasco e abriu a possibilidade de uma ou mais sequelas... merecidas.
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