"Tenho um amigo artista que é realmente um homem criativo e que uma vez me disse: “os críticos de cinema só começam realmente a compreender o cinema quando já experimentaram fazer um corte na montagem”. E ele queria dizer isto a todos os níveis: ao nível de construir uma ideia através da junção de duas imagens, ao nível da emoção estética, ao nível do elemento plástico, do ritmo. Todas estas decisões são as que levam a compreender a montagem. Por isso, acho que os críticos deviam sair da sua “zona de conforto”, de trabalhar apenas com palavras, mesmo que o façam muito bem. E esse momento em que te envolves com os materiais é uma experiência de humildade, pois percebes que é algo difícil. É difícil montar ou filmar uma cena. O que é realmente a mise en scène se nunca dirigimos nada na verdade? Há um lado prático que ajuda a compreender algumas questões. No final de contas estes ensaios servem ao crítico para estender a sua capacidade de análise."
"A ideia de gosto é evidentemente indissociável do exercício da crítica. O que eu acho é que quando se pratica crítica de cinema num órgão de grande divulgação, como é um jornal – e praticamente tanto eu como o Leitão Ramos escrevemos em jornais, sejam diários ou semanais, ou em revistas de cariz cultural grande divulgação -, devemos fazer a distinção entre aquilo que é o nosso gosto cultural e aquilo que nós, enquanto agentes culturais, temos consciência de ser a importância de determinados filmes. Aconteceu muitas vezes eu fazer críticas de apoio a filmes que eu considerava culturalmente importantes, embora não gostasse deles. É nesse sentido que faço essa afirmação, ou seja, dissociar um bocadinho o que é o gosto pessoal daquilo que são objectivamente os filmes que, na conjuntura da exibição, devem ser valorizados em detrimento de outros, embora os filmes pessoalmente não me entusiasmassem por aí além. Dito isto, a questão do gosto é fundamental."
"Desde muito pequeno que o cinema fantástico, os mundos fantásticos, os extraterrestres, tudo isso, sempre me fascinaram. Suponho que tenha a ver com desde pequeno sempre me ter sentido desajustado, tinha um físico muito peculiar e estava atraído por outras formas físicas. Sempre me interessei pelo desenho, fiz belas artes, desenhei comics, dediquei muito tempo a isso. E desde pequeno que vejo Star Wars, pois, essa quantidade de criaturas e de desenhos chamou-me tanto a atenção que passei toda a minha vida a desenhar monstros. A modelação, o desenho, a cor, a forma, é algo que me interessa e diverte."
"Em primeiro lugar a experiência da fome. Não podia filmar as pessoas durante muito tempo porque as pessoas não se aguentam em pé. Tinham de se sentar. Como a fome é algo que está absolutamente instalado não se cria massa muscular suficiente. A mesma coisa para suportar pesos, grandes ou pequenos. A resistência ao sol também é menor com a falta de comida. Em segundo lugar a distância de tudo. Da boa água, do material técnico que não se podia substituir, dos hospitais. E isto no final com a equipa técnica doente, uma parte com malária outra, com febre tifóide. Em terceiro lugar, a precariedade dos meios: Uma simples viagem para as ilhas Bijagós transformou-se numa tragédia, com 109 pessoas da equipa a naufragarem e toda a luz perdida. Mas a experiência tem um lado bom que vale a pena. As pessoas de Tabatô, a luz natural, o tempo africano e sobretudo o som."
"Se somos protagonistas o trabalho é, portanto, mais interessante, porque temos mais pressão e mais responsabilidades. Temos a obrigação de fazer o projeto resultar e ajudar o realizador a contar a história que ele quer contar. É uma responsabilidade enorme. Já nos papéis secundários há menos pressão e, muitas vezes, muitas pessoas perguntam-se porque é que a personagem secundária está ali. Eu adoro as personagens e não a sua relevância para a trama. A melhor história que posso contar para ilustrar isto aconteceu-me recentemente quando filmava o "A Single Shot", do David M. Rosenthal. Eu interpretei uma personagem muito secundária, cuja participação foi cortada do filme. O realizador até me mandou uma carta muito querida a explicar tudo e a pedir-me muitas desculpas. Não é difícil ser cortada quando o realizador é simpático e nos explica o porquê da decisão, e também torna-se fácil de aceitar quando vemos que, ao ser cortada, permiti ao Sam Rockwell brilhar mais. Eu adoro fazer filmes grandes e pequenos, com papéis grandes e pequenos. É um prazer fazer filmes e, por vezes, faço filmes que nunca ninguém verá, mas que são uma boa experiência, como este "A Single Shot"."
""Pecos" was surprisingly successful everywhere, Pedro, and fans everywhere loved it. But I starred in many films and it was my goal when I began acting, to play each role at least a little differently than the last, so I was never excited to be type-cast, or do the same character over and over again. Sequels were something I always thought of to do when there were no other options... "Pecos" was an exception…and I did the sequel because the second script had little to nothing to do with the first. I turned down the second ‘McGregors’ because it was similar to the first and at the time I had more than my share of work... it has always been my belief and hope that my fans identify me with every character I played... it’s a lot more fun that way."
"Relativamente ao impacto em Portugal, espero que seja uma ajuda para mudar a mentalidade dos portugueses sobre os seus emigrantes. Muitas vezes existem estereótipos, mas eu percebo os dois lados. O português emigrante visita Portugal e, de certa forma, é too much na maneira de mostrar, com os carros bons, a casa maior da aldeia… mas os emigrantes são pessoas que fugiram de um país na ditadura e trabalharam muito para terem o que têm e, quando vêm, têm orgulho de mostrar aquilo que alcançaram com o seu esforço. Se calhar é um bocadinho too much, mas temos de valorizar o empenho e a vontade de mostrar que conseguiram com a força do seu trabalho. O português devia dar mais valor a isso."
"Adoro filmes desde pequena. Acho que começou com filmes como The Wizard of Oz (O Feiticeiro de Oz, 1939), Edward Scissorhands (Eduardo Mãos de Tesoura, 1990) ou Willy Wonka & the Chocolate Factory (Willy Wonka e a Fábrica de Chocolate, 1971). Filmes bizarros, cheios de cores e de personagens estranhas. E recordo-me de ir com a minha mãe ao clube de vídeo alugar os VHS, e eu queria sempre os mesmos. Não se comprava filmes em minha casa. Ela responderia - “Não. Quando se vê um filme, não é preciso voltar a vê-lo”. E eu sempre senti exactamente o oposto. A primeira vez em que me apercebi do poder do cinema, e não apenas do seu potencial de entretenimento e de escape, foi quando tinha uns doze anos e vi o Fahrenheit 451 (Grau de Destruição, 1966) pela primeira vez. Deixou-me em êxtase. Nunca tinha visto um filme assim. Ou talvez tivesse e não era suficientemente madura para o perceber. Mas, por qualquer motivo, foi este que mudou a minha perspectiva e me deu um mais largo entendimento do poder do cinema."
3 comentários:
Sabes que vai ser muito difícil encontrar uma imagem decente para falar da última entrevista, não sabes? :P
Pensa assim: à custa desta nomeação da Sasha Grey, tens material que nunca mais acaba para a próxima gala. Simular uma cena de um filme pornográfico, enquanto bebes um Sumol, por exemplo!
Por favor, não me obrigues a fazer isso. Não só para o meu bem, mas para o bem de toda a gente na sala.
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