"La siciliana ribelle" narra a história verídica de Rita Atria, uma rapariga cujo testemunho e diários de adolescência foram fundamentais para colocar atrás das grades dezenas dos mais influentes mafiosos sicilianos, naquela que foi até hoje uma das operações antimáfia de maior sucesso em Itália, decorria o ano de 1992. O que começou como uma demanda por vingança de uma jovem rapariga cujo pai e irmão - também eles mafiosos respeitados no meio - tinham visto o feitiço virar-se contra o feiticeiro em disputas locais, acaba por acompanhar o crescimento interior e exterior de Rita, contra tudo e contra todos - inclusive família, amigos e namorado - até o único objectivo em vista ser a justiça e o desmantelamento de um mal que a sociedade sempre tomou como inevitável.
Aparentemente bastante fiel à história que lhe dá origem, "The Sicilian Girl" revela-se uma experiência cinematográfica que presta tributo de forma muito competente à curta mas significativa vida de uma heroína para muitos desconhecida. Partindo de um documentário do final dos anos noventa também realizado por Marco Amenta, o realizador italiano oferece agora uma versão ficcionada de uma epopeia judicial e criminal que comoveu um país, dando tempo às personagens para criar laços com a audiência, focando-se sempre no ponto de vista de Rita, deixando quase todos os crimes relatados pela mesma ao critério da imaginação do espectador. Não há distracções com planos violentos ou chocantes, deixando toda a atenção numa mão cheia de interpretações fenomenais, como as dos experientes Gerard Jugnot ou Marcello Mazzarella. Curiosamente, acaba por ser a protagonista Veronica D'Agostino a deixar algo a desejar, muitas vezes num overacting desnecessário pouco adequado à fragilidade emocional em que a sua personagem se encontrava. Ainda assim, nada que o deva afastar de um relato fidedigno obrigatório para qualquer curioso sobre a relação desavergonhada entre a máfia siciliana e o estado italiano.
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