Clark Kellogg (Matthew Broderick) é um jovem finalista do secundário que abandona a pacata terriola onde morava com a mãe e o pai adoptivo para começar um curso de cinema na majestosa e sumptuosa Manhattan. Com pouco dinheiro no bolso e completamente perdido na azáfama nova-iorquina de hora de ponta, decide aceitar a ajuda de um motorista com origens italianas, que por uns míseros dez dólares aceita levá-lo até às residências universitárias onde vai ficar a morar nos próximos anos. Sorte madrasta a de Clark, ou não fosse o sacana que lhe deu boleia e posteriormente roubou-lhe as malas e todo o dinheiro que tinha, o sobrinho do maior mafioso da cidade, o "padrinho" Carmine "Tucano" Sabatini (Marlon Brando). Volta e reviravolta, Kellogg vê-se sem outra hipótese que não aceitar uma proposta de part-time irrecusável de Sabatini para conseguir juntar algum dinheiro. Será, claro, o início de uma autêntica alhada que envolverá o FBI, a filha do "Tucano", um dragão de Komodo e um grupo mafioso inimigo. Tornar-se-á este "caloiro da máfia" fiel à sua nova figura paternal ou colaborá ele com o governo no esquema que está montado para o prender?
Realizado por Andrew Bergman, que alguns anos depois viria a realizar o afamado "Striptease" com Demi Moore ou o simpático "It Could Happen to You" com Nicolas Cage e Bridget Fonda, "O Caloiro da Máfia" marcou em 1990 o regresso de Marlon Brando ao grande ecrã dez anos após o seu último papel cinematográfico. Dizem as más línguas que tal aconteceu devido a problemas financeiros do lendário actor norte-americano, que precisava de pagar aos advogados do seu filho Christian, acusado na altura do assassinato do seu cunhado - crime pelo qual viria a declarar-se culpado mais tarde. Independentemente das suas motivações, a verdade é que Brando, recriando de forma leve aquela que foi a sua personagem mais famosa na Sétima Arte, o temível Vito Corleone, obteve aqui uma das performances mais aplaudidas da sua carreira, um regresso muito ansiado por gerações de cinéfilos que lamentaram durante uma década a ausência de um génio ímpar da representação. A química entre Broderick e Penelope Ann Miller convence - pudera, não fossem eles namorados na altura - e a narrativa, mesmo sem provocar grandes gargalhadas ou momentos românticos de relevo, acaba por revelar-se no final intrigamente inteligente, justificando quase um revisionamento instantâneo para dar valor a vários pormenores que momentos antes tinham parecido injustificados ou absurdos. Como que um "Ferris Buller meets The Godfather", para ser visto sem grandes expectativas mas com muito interesse pelo carisma de Brando.
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