"Rush - Duelo de Rivais" narra o percurso de duas lendas da Fórmula 1 até uma das mais memoráveis temporadas de sempre do desporto automóvel, a de 1976, em que o austríaco Niki Lauda e o britânico James Hunt, em carros da Ferrari e da Mclaren respectivamente, discutiram até à última corrida do ano, no Japão, o título de campeão do mundo da modalidade, com uma rivalidade ímpar e fascinante numa era onde o sexo era seguro e conduzir era perigoso. Lauda, desportista profissional, rigoroso e analista em choque constante, dentro e fora das pistas com Hunt, piloto rebelde, playboy e sem regras; enfrentando a morte corrida após corrida, no desejo de triunfar sobre o outro, quase perderam a vida. No final, quem levará a melhor?
Realizado por Ron Howard, figura cinematográfica com provas incontornáveis de qualidade, complexidade e durabilidade no meio nos últimos trinta anos, "Rush" revela-se, mais de que uma fita desportiva, uma obra focada na força e no dinamismo das suas duas personagens principais, personagens estas interpretadas de forma ilustre e irreprensível por Daniel Bruhl e e Chris Hemsworth. Experiência cinematográfica visceral e interessante, o maior trunfo de Howard é conseguir-nos transportar para o mundo da Fórmula 1 na década de setenta de forma autêntica e realista - tal como, aliás, já o havia feito na documentação artística e técnica elaborada em "Frost/Nixon" -, com especial atenção aos detalhes e não tanto ao cenário em si que, ainda que maior na imagem, consegue passar despercebido perante pequenos estímulos visuais, de publicidade de patrocinadores a particularidades no vestuário, levando-nos assim para o ambiente glamoroso da época dourada da F1 e não tanto para as bancadas dos circuitos Grand Prix. O que, ainda assim, não implica que Howard e, principalmente, o cinematógrafo Anthony Dod Mantle, não consigam de forma excelsa, através de ângulos de filmagem fabulosos, transportar-nos para o lugar dos pilotos, nas suas excitações e nos seus receios, nas mais variadas cenas de condução a alta velocidade da fita. Esta autenticidade é ainda realçada pelo uso dos carros reais da temporada de 1976, hoje posse de vários coleccionadores privados. O pós-76 poderia e deveria ter sido explorado nem que por breves minutos, principalmente no que diz respeito à vida boémia de Hunt pós-título (dizem que teve relações com mais de cinco mil mulheres), aos seus problemas com a droga e com os bancos, mas ainda assim o final orquestrado por Howard satisfaz, com um monólogo final de Lauda inspirado e sentimental - com direito a cameo e tudo -, que encerra "Rush" com chave de ouro. Para memória futura, um slogan: "Sexo: pequeno-almoço dos campeões!".
2 comentários:
Dos filmes mais interessantes do ano passado. Abc
Verdade grande Francisco. Um abraço!
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