Tenho mais de uma centena de livros de e sobre cinema nas estantes de madeira barata no sótão (a.k.a escritório) de minha casa. "Hollywood", de Edgar Pêra, não estará certamente entre os mais originais, os mais filosóficos, os mais intelectualmente estimulantes ou os mais técnicos da colecção. Mas é, verdade seja dita, um dos mais fáceis de ler aos soluços, entre intervalos de trabalho e insónias inconstantes, tão simples de resumir quanto interessante nas suas incontáveis curiosidades cinéfilas. "O Homem foi ao IMDB e junto uma mão-cheia de trivialidades lá presentes", disse-me um colega blogger na última gala dos TCN Blog Awards. Pois bem, "Hollywood" é muito mais do que isso.
Para começar, o cineasta português conduziu ele próprio várias pesquisas e entrevistas que levaram a revelações engraçadas, como as de Joaquim de Almeida sobre as diferentes cores dos guiões de 24 ou sobre a personalidade de Robert Rodriguez. Depois tudo é escrito com uma linguagem tão profissional - o Tendinha podia aprender qualquer coisa com Pêra - quanto divertida, com várias punchlines inteligentes a encerrarem regularmente cada parágrafo de curiosidades sobre os mais de cem anos da indústria de Hollywood. São poucas as que entram na nossa memória, mas muitas as que se revelam instantaneamente gratificantes para o cinéfilo de ocasião. A nível estrutural, excelente organização e sequência temática, bem como útil utilização dos negritos nos nomes das estrelas, que quase obrigam a saltar a vista de vez em quando para a página do lado para dar uma "rapidinha" nesta ou naquela história sobre um favorito do leitor. Já agora, sabiam que Jack Palance partiu o nariz a Marlon Brando? E que o patrão da MGM andou à pancada com Charlie Chaplin?
2 comentários:
Concordo plenamente!
Já o tive a folhear e já conta na minha "wishlist" dos próximos meses :)
Quanto ao malfadado livro do Tendinha foi realmente uma desilusão enorme... enfim, no melhor pano cai a nódoa não é?
Vale a pena Peter. Agora estou a atirar-me ao Cinemateca, do Pedro Mexia. Também muito bem escrito, mas sofre de um grande problema: para realmente apreciar os textos no livro, é preciso ter visto os filmes em questão. E é uma lista para cinéfilos à séria, não de meia-tigela como eu que só vi uma dúzia deles. Lado bom? Toca a abrir a Amazon e dar uso ao Visa. Abraço Peter!
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