Depois de vencerem os septuagésimos quartos Jogos da Fome, Katniss Everdeen e Peeta Mellark são estrelas do regime, verdadeiros ícones domados e obrigados pelo sistema a espalhar o medo e a falsa felicidade pelos doze reprimidos distritos. E, apesar de tudo isto, são eles também o símbolo da revolta e da esperança de um povo, graças à forma como manipularam a organização do temível evento aquando da sua participação. Apercebendo-se disso, o Capitólio decide preparar uma edição muito especial dos Jogos da Fome, uma em que ex-vencedores irão competir entre si, colocando assim as vidas de Katniss e Peeta em risco.
Realizado pelo austríaco Francis Lawrence ("Constantine" e "I am Legend"), "Os Jogos da Fome: Em Chamas" faz tudo certo enquanto sequela: reconhece e replica o que foi bem feito no primeiro capítulo cinematográfico da saga literária de sucesso, oferece informação importante suficiente sobre o passado dos personagens a quem não se lembra muito bem da história e dá tempo à narrativa para construir uma base sólida com detalhes e pormenores muitas vezes olvidados na transição do papel para a imagem. Dito isto, enquanto filme isolado, sou dos poucos que o considero ligeiramente inferior ao exercício de Gary Ross, muito mais complicado por todas as dinâmicas que teve de criar do zero e pela brilhante introdução que fez ao espectador ignorante de um universo difícil de assimilar visualmente e conceptualmente. De resto, uma excelente escolha de novo elenco - de Finnick a Johanna - e a confirmação daqueles que já haviam brilhado no passado, fazem deste "The Hunger Games: Catching Fire" um segundo prato suficientemente leve e temperado para deixar espaço para uma dupla sobremesa que promete deixar muito boa gente com diabetes. O grande enigma do momento é saber o que será feito da personagem de Phillip Seymour Hoffman, agora que o talentoso actor nos abandonou.
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