Morton Schmidt (Jonah Hill) e Greg Jenko (Channing Tatum) são como azeite e água no secundário: simplesmente não se misturam, ou não fosse o primeiro um marrão de laboratório que usa as duas alças da mochila e, o segundo, um garanhão calinas cujo único objectivo é ser o rei do baile de finalistas. Mas a vida dá muitas voltas e, anos mais tarde, encontram-se na academia de polícia, onde tornam-se unha e carne ou, melhor dizendo, cérebro e músculo em conjunto. Dependentes um do outro - o primeiro não consegue correr mais do que trinta segundos, o segundo não decora sequer, de uma vez por todas, o "Miranda Warning" ("You have the right to remain silent..."), acabam por qualificar-se e ser enviados para a "21 Jump Street", um departamento secundário de investigação policial sob disfarce civil. Primeiro trabalho de infiltrados? Numa escola secundária, sítio onde não se suportavam no passado, para descobrir o distribuidor de uma nova droga. Só que agora ser nerd é cool e, inesperadamente, é Schmidt quem atrairá os holofotes nos corredores. Irá Jenko aguentar a pressão?
Comédia realizada pela dupla responsável pelas animações "Cloudy with a Chance of Meatballs" e "The Lego Movie", "Agentes Secundários" revela-se uma adaptação cinematográfica pouco fiel à série televisiva do final dos anos oitenta que lançou Johnny Depp para o estrelato. É verdade que a produção televisiva tinha os seus momentos divertidos - quase todos a cargo da personagem de Peter DeLuise -, mas a essência do seu sucesso baseava-se também na abordagem dramática e emocional que fazia sobre vários assuntos sérios como a toxicodependência ou a violência doméstica, muitas vezes com episódios sem uma única gargalhada no guião. Para vender melhor ou simplesmente por decisão artística, a verdade é que este reboot cinéfilo dedica-se somente a fazer rir o espectador e, verdade seja dita, consegue-o durante vários momentos. Seja nas homenagens à série (o gang de motards), na sequência em que a dupla principal está drogada ou na luta constante aos clichés e às convenções do género (os carros que teimam em não explodir, por exemplo), "21 Jump Street" desenrasca-se bem. Tão bem que aquele final a implorar por uma sequela era desnecessário.
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