A segunda longa-metragem de JC Chandor (“Margin Call”) é a história de um velejador experiente perdido e à deriva na imensidão do Oceano Indíco. Com o veleiro irremediavelmente danificado devido a um embate com um contentor perdido, o “Our Man” – é assim que Redford é creditado no final da fita – terá que evocar o MacGyver que tem em si para sobreviver em alto mar durante incontáveis dias, sem comida nem água potável, com pouco mais do que um canivete e um sextante na sua posse.
Verdadeiro tour de force do quase octogenário Robert Redford, “Quando Tudo Está Perdido” é um one-man show – não há sequer tigres computorizados para contracenar- ambíguo: o silêncio que lhe dá vida, na ausência de diálogos e na força das expressões faciais de Redford, é tanto o ponto forte do filme como a sua principal debilidade. Isto porque é este formato narrativo que permite a Chandor construir uma história cativante com base em detalhes e preciosismos técnicos e visuais insinuantes, mas também o que limita quase irremediavelmente o desenvolvimento da personagem única da sua meditação cinematográfica sobre o poder do nosso instinto de sobrevivência. Muitas vezes difícil de assimilar nos seus longos planos com pouco ou nada para acrescentar, a verdade é que Redford e Chandor conseguem manter-nos presos ao ecrã à espera do desenrolar final, numa experiência cinematográfica fria e cínica, aquecida e embriagada regularmente por uma sonoplastia magistral a cargo de Alex Ebert – a única nomeação da Academia que o filme alcançou. Da tranquilidade ao desespero, faltaram a “All is Lost” quatro palavras fundamentais na sua introdução para merecer muito mais carinho e atenção do público: as muitas vezes criticadas “baseado numa história verídica”.
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