Esta é a história verídica de como um bebé órfão jamaicano adoptado por um casal típico britânico se tornou, numa zona dominada por brancos e com graves problemas associados ao racismo e ao xenofobismo nas suas camadas sociais mais profundas, num dos homens mais respeitados e temidos do submundo londrino. Carol "Cass" Pennant passou de jovem oprimido pela sua cor de pele a líder dos ICF (Inter-City Firm), claque de futebol do West Ham United, um dos grupos organizados de hooligans mais violentos de Inglaterra. E acaba mesmo por ser nesta dualidade de interesses - o ser negro numa altura em que era díficil sê-lo vs a violência sem limites dos hooligans - que o realizador/guionista Jon Baird se perde, não sabendo bem em qual das vertentes se focar. Há uma fase inicial em que parece que o que lhe interessa é o conflito de relevância racial, mas rapidamente deixa-se levar pelo lado de influência social dos hooligans em gerações de adolescentes, baseando grande parte da narrativa em actos insensatos e desmesurados das claques. E, nesse capítulo, não traz nada de novo ao cinema e, no meio de tanto palavrão, acaba por ser uma repetição quase desnecessária de vários outros títulos britânicos recentes dedicados ao hooliganismo. Interpretações sem grande relevo - o vilão interpretado por Nonso Anozie acaba quase por ser demasiado simpático para ser credível enquanto alguém que racha cabeças por passatempo - fazem deste "Cass" uma biografia cinematográfica cujo potencial individual desvairou-se no colectivo.
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