Lawrence Shannon é um padre em desgraça: depois de um rumor sobre uma relação sexual proibida o ter afastado da igreja contra a sua vontade, Shannon é agora um guia turístico com problemas com o álcool na costa oeste mexicana. Naquela que poderia ser muito bem outra excursão sem história com um grupo de professoras reformadas norte-americanas, Shannon vai ser assediado por uma adolescente e, mesmo resistindo ao pecado, acabará envolvido numa espiral de ataques à sua credibilidade que podem muito bem colocar em risco o seu novo emprego.
Adaptação da peça da Broadway de um dos mais premiados dramaturgos do século passado (Tennessee Williams), "A Noite da Iguana" é um ensaio filosoficamente poderoso sobre a tentação e o pecado, sobre a fragilidade do espírito humano em ambientes adversos, onde as fantasias proibidas de um homem sexualmente subjugado são colocadas à prova num contexto tão freudiano quanto paradisíaco. Filme que pôs a vila mexicana de Puerto Vallarta no mapa turístico de milhões de norte-americanos no último meio-século, "The Night of the Iguana" é, enquanto produto cinematográfico, tão fascinante em alguns aspectos quanto monótono e até entediante em certas partes da sua narrativa. Com um elenco de luxo - Richard Burton, Ava Gardner e Deborah Kerr eram algumas das mais bem pagas estrelas da época - e uma realização improvável - o grande John Huston estava acostumado a outras andanças mais mexidas -, a obra que reutiliza a Lolita Sue Lyon como mulher irresistível teve uma das mais badaladas produções de sempre, com ciúmes, armas e caprichos de vedeta à mistura, o que em parte também explica o porquê de Houston não ter conseguido uma transposição para a grande tela do carácter alegórico e intelectualmente subterrâneo do material teatral que tinha em mãos.
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