sexta-feira, julho 04, 2014

El Penalti Más Largo del Mundo (2005)

Fernando é um zé-ninguém nos seus trintas, um tipo de mau aspecto que trabalha como repositor num supermercado de bairro e, sem mulher nem filhos com que se preocupar, passa os dias a beber cerveja e a sonhar com beldades que não pode ter. Além disso, é ainda guarda-redes suplente nunca utilizado num clube local – o Estrela Polar -, patrocinado e gerido pela direcção do supermercado onde trabalha, equipa que na última jornada do campeonato distrital enfrenta o adversário directo à subida no seu campo e, caso consiga pelo menos um empate, irá garantir pela primeira vez na história do clube uma presença numa divisão superior. Minuto noventa, tudo empatado e, num lance inacreditável em que o avançado derruba violentamente o guarda-redes mas a falta é assinalada ao contrário, penalty para os visitantes. Guarda-redes titular lesionado e, de cerveja na mão no banco de suplentes, Fernando é chamado para entrar e tentar um milagre, defendendo a grande penalidade mais importante da história do Estrela Polar. Mas eis que uma invasão de campo por parte de adeptos furiosos com a decisão do árbitro interrompe o jogo e a execução da falta é adiada para o domingo seguinte. Serão sete dias de angústia em que Fernando passa de um triste sem ambição para herói do bairro, venerado por todos de modo a motivá-lo para um momento que pode definir o futuro de várias vidas.

Comédia espanhola deliciosa sobre um meio social medíocre repleto de ilusões, um campeonato viciado pelo sistema e pela corrupção e, por fim, pela forma como o futebol é capaz de moldar as atitudes e os comportamentos daqueles que vêem no mesmo um tubo de escape às pressões do quotidiano – caso claro o jogador desempregado sem dinheiro para encher o frigorífico para o filho mas que gasta uma fortuna numas chuteiras de elite apenas para disputar meio minuto do jogo suspenso -, “O Maior Penalty do Mundo” consegue ainda manter-nos presos à narrativa devido à incógnita chave – tornar-se-á ou não Fernando uma lenda -, bem como ao magnetismo da belíssima Marta Larralde, que obrigada pelo pai (treinador) a sair com o monstro (esse mesmo, Fernando), proporciona os momentos mais divertidos da fita. Destaque final para Fernando Tejero, que com o seu guarda-redes escanzelado levou um Goya para casa.

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