Cada segundo, cada frame das cerca de três horas de duração de "
O Lobo de Wall Street" é a manifestação exaltante, fascinante e enérgica do acumulado de experiências da vida cinematográfica de um génio, um realizador intenso que após quase cinquenta anos de carreira continua a inovar e a surpreender. Comédia negra épica que nunca cansa nem se cansa, Martin Scorsese e Terence Winter (guionista de séries como "
The Sopranos" ou "
Boardwalk Empire") apresentam-nos uma lição de mestre sobre a imoralidade, num capricho sensacionalista que celebra a selvajaria financeira nos EUA, tornando-o uma espécie de "
Goodfellas" de betinhos da bolsa, uma fábula sobre a fome por poder e a sede da ganância. Variação prazenteira do tipo de narrativa favorita de Marty - a ascensão e queda de um anti-herói -, Leonardo DiCaprio e companhia - e que bela companhia, a começar pela deleitosa Margot Robbie cujo olhar nos hipnotiza e terminando no primoroso Jonah Hill, sempre afinado em qualquer dos registos que lhe é pedido durante as extravagâncias de Belfort - conseguem dar glamour ao crime sem o promover, deixando ao critério do espectador toda e qualquer condenação moral que compense a forma endoidecida como os bons costumes são devastados. A melhor estreia em sala do ano e, sem exageros, o melhor Scorsese dos últimos vinte anos.
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