Uma avalanche e um homem que, num acto irreflectido de sobrevivência, deixa mulher e filhos para trás. Eis o ponto de partida do sueco Ruben Östlund para mostrar como um acto de cobardia de um até então pai e marido perfeito pode afectar toda a infraestrutura relacional familiar. Objecto cinematográfico tão estranho quanto hipnotizante, repleto de planos longos compostos por silêncios incómodos - onde tão pouco é dito mas tanto é transmitido -, uma mão cheia de personagens que aparecem abruptamente em cena como se fossem velhos conhecidos do espectador, uma cinematografia arriscada e um conjunto de interpretações autênticas, "
Force Majeure" é um filme de difícil digestão. Se por um lado parece em vários momentos não saber o que fazer, por outro deixa-nos incomodados com cenas tão stressantes quanto aflitivas (os minutos finais a bordo do autocarro são de cortar a respiração). Para ver, sem a mulher por perto.
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