"
O Caso Spotlight" - uma escolha nacional de título estranha, diga-se de passagem, dado o background histórico das variadas equipas de investigação com a mesma chancela do Boston Globe que durante décadas desmascararam inúmeras trafulhices da sociedade - é um filme de uma importância extrema por duas razões primordiais: primeiro, relembra que o jornalismo não pode nunca perder a sua faceta de utilidade e serviço público em prol do negócio, das metamorfoses das redacções, das necessidades do momento, da falta de disponibilidade financeira ou pessoal para permitir investigações pertinentes e profundas que custam tempo e, consequentemente, dinheiro. Porque o jornalismo deve, mais do que nunca, servir como força em alerta constante para descortinar e revelar qualquer ilegalidade ou legalidade imoral que possa ter sido cometida longe dos olhos da justiça - ou mesmo perto dela, caso esteja corrompida. Em segundo lugar, porque recorda - ou apresenta, aos mais distraídos - a podridão que reina na mais poderosa e mafiosa das instituições mundiais: a igreja católica. Porque não se trata de um caso em específico, mas de um fenómeno; porque mesmo depois de tudo o que aconteceu, poucos pagaram pelos seus pecados e o arcebispo de Boston, conhecedor de todos os crimes e abusos que foram cometidos durante décadas, foi meramente transferido pelos superiores, qual promoção, para uma basílica em Roma. Como filme "
Spotlight" é tecnicamente (ou mesmo narrativamente) digno de tanto louvor? Talvez não. Mas como lição de história que deve moldar o futuro, eis uma obra indispensável.
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