Sete irmãos (seis rapazes e uma rapariga) isolados do mundo, num pequeno apartamento com uma vista fantástica em (e sobre) Manhattan. O pai, lunático e alcoólico, queria que os filhos não fossem escravos da sociedade, controlados como robôs pelo governo através do trabalho e da necessidade de dinheiro. Solução? Trancou-os em casa durante mais de uma década, qual seita comunitária, sendo estes educados pela mãe, professora certificada de ensino doméstico, donde vinha aliás todo o rendimento familiar. Sair de casa, só por necessidade extrema - anos houve em que não passaram da porta uma única vez. Como contactavam os seis rapazes - a rapariga, mais nova, é praticamente excluída do documentário - com o mundo exterior? Recriando e revivendo os seus filmes favoritos, de "
Reservoir Dogs" a "
Batman Begins". Mescla entre imagens de arquivo dos filmes caseiros da família com imagens da actualidade capturadas pela estreante Crystal Moselle, é no presente que "
The Wolfpack" ganha algum interesse: vemos a primeira vez que todos saem de casa em grupo, como se fossem os Cães Danados de Tarantino, em alcateia, a primeira ida à praia, a primeira vez que andam de comboio, a descoberta do Google e, claro, a primeira vez que vão ao cinema. Mas, tudo somado, fica muito por dizer - culpa talvez da constante proximidade do pai - e quase tudo por explicar (como conseguiam, num suposto orçamento familiar tão apertado, pagar um apartamento na Big Apple, comprar tantas roupas, filmes, comidas etc. etc.). E, por isso, aquele que poderia ter sido um documentário assombroso a vários níveis, acaba por não ser mais do que um objecto de estudo curioso.
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