Perivaldo Lúcio Dantas, mais conhecido dentro de campo como o "
Peri da Pituba", foi um lateral direito histórico do Botafogo, duas vezes Bola de Prata do campeonato brasileiro e companheiro da selecção canarinha de estrelas como Zico e Sócrates, nos tempos áureos de Telê Santana. Depois de um contrato milionário quase em fim de carreira na Coreia do Sul que não correu bem, viajou no final da década de oitenta para Portugal para integrar a custo zero o Sporting de Marinho Peres. Mas ditou a sua sorte (ou falta dela) que a limitação da altura de um máximo de três jogadores estrangeiros por cada plantel o atirasse para uma reforma inesperada, tendo permanecido por cá por (mais) uma paixão que não funcionou. Foi gastando o que tinha, emprestando o que não devia, perdendo o que não podia para doze mulheres (e onze filhos) espalhados por todo o mundo e, quando deu por si, era um sem abrigo, um vagabundo em Lisboa, dormindo na rua em cima de caixotes de papelão, sobrevivendo dos apoios da Santa Casa da Misericórdia e das bugigangas que vendia - muitas delas encontradas no lixo - na Feira da Ladra. Uma solidão que o devorava mas que sempre escondeu dos familiares com quem tinha contactos telefónicos no Brasil; até que a
Globo o descobriu e, em parceria com o Sindicato de Jogadores do Rio de Janeiro, devolveram-lhe a dignidade, o nome e a vida que lhe tinha escapado entre os dedos no último quarto de século. Um retrato simples, mas emocionante, que coloca muitos detalhes da nossa vida em perspectiva. Para descobrir, na Netflix nacional.
Sem comentários:
Enviar um comentário