sábado, abril 16, 2016

Suporta a minha teoria que Showgirls está a envelhecer bem!

"Showgirls já não é um filme de diálogo com... É um filme de imersão total em... É filme de gestos amplos, épicos: os bastidores dos shows de Las Vegas, onde se dão duelos de ambição e inveja entre coristas, são coreografados pela câmara como se ela varesse os grandes espaços, os grandes desertos. Vamos esquecer aquilo da ginecologia: o tits and ass, a crueza dos diálogos, o realismo hiperbolizado não escondem algo que se revela hoje (conseguimos ver isso mais nitidamente do que há 20 anos?), um outro e mais pungente fôlego: a fantasia, como se com Nomi - como se com a solidariedade com Nomi - Verhoeven a quisesse inscrever num essencial do maravilhoso americano de mitos e fábulas (Judy Garland a sonhar com Oz em O Feiticeiro de Oz, de Victor Fleming; Marilyn Monroe a falhar Hollywood & Vine em Bus Stop, de Joshua Logan/William Inge) e inscrever-se também ele na tradição daqueles europeus e americanos em Hollywood, que se chamaram Douglas Sirk, George Cukor ou Vincente Minnelli, que celebraram de forma apoteótica e estridente a América, logo incorporando a sua agonia, a sua destruição. Vamos libertar Nomi e Showgirls do "tão mau que é bom!". Um grande filme: Mea culpa, sim, guilty pleasure é que não." by Vasco Câmara, Abril 2016

by Vasco Câmara, Janeiro 1996

1 comentário:

ADexterA disse...

Suporta a minha teoria que os críticos profissionais são uns pretensiosos.
Uns floreados em torno do filme e puf afinal o que era uma trampa é uma obra bastante complexa... :-)

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