Quatro amigos são co-proprietários de uma empresa de sucesso que está a horas de ser apanhada pelo fisco espanhol por fuga aos impostos através do uso de offshores na Suiça. Segundo a advogada da empresa, a pena será de sete anos para todos, a não ser que um deles assuma a responsabilidade da evasão fiscal e negue a participação dos restantes, arcando sozinho com a sentença de quase uma década. Os quatro concordam: não vale a pena serem todos encarcerados quando pode ser só um, garantindo também assim que o negócio não fecha. Mas sem que ninguém se ofereça para tal e com o prazo para tal terrível decisão a apertar, os quatro resolvem contratar um mediador para facilitar a negociação. Este não tomará qualquer decisão mas tentará descortinar com o grupo qual o factor, ou conjugação de factores, que deverá ter maior peso: a culpa efectiva da evasão fiscal, o lado familiar, o elo mais fraco da empresa, o sentimento de culpa, o mais apto a sobreviver na prisão, o mais novo, etc. etc. Primeira produção espanhola feita exclusivamente para a Netflix, o filme do catalão Roger Gual consegue manter o espectador preso ao ecrã na expectativa da resolução do dilema, mostrando como uma situação limite pode despoletar um rol de atitudes e comportamentos sinceros que revelam, ao fim de anos de parceria, o que realmente pensam cada um dos sócios sobre os restantes. Melhor que tudo, o final dá um pontapé fortíssimo em qualquer um dos (quatro) desfechos previsíveis, arrebitando uma moral incómoda sobre o manto de falsas aparências que é fundamental para manter qualquer empresa em pé. E a colombiana Juana Acosta? Por favor deixem-na em liberdade!
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