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Becoming Zlatan" funciona infinitamente melhor como documentário do que "
Ronaldo" por uma simples razão: não se molda em forma de propaganda pessoal - e muito haveria para glorificar num jogador com centenas de golos marcados em algumas das maiores equipas do planeta (Malmo, Ajax, Juventus, Inter, Barcelona, Milão, PSG ou Manchester United) - mas sim no nascimento de um personagem ímpar, uma vedeta solitária com muitos mais defeitos que virtudes, que errou dentro e fora de campo inúmeras vezes durante a sua brilhante carreira. Das cotoveladas que levaram a longas suspensões aos desentendimentos com colegas de equipa nos balneários - o internacional egípcio Mido quase lhe acertou com um par de tesouras uma vez, levando esse conflito à sua saída de Amesterdão -, o documentário da dupla de irmãos suecos Magnus e Fredrik Gertten foca-se nos primeiros anos da carreira de Ibrahimović e na sua complicada personalidade, o que acaba por ser muito mais interessante do que reviver títulos (treze campeonatos em quatro ligas de topo), golos, troféus pessoais ou casas e carros de luxo na garagem (hã, alguém falou no Cristiano?). Hora e meia a voar, sem uma única participação de Zlatan sem ser através de imagens de arquivo - o que ajuda a tornar tudo muito mais imparcial -, numa vida que daria para, no mínimo, uma mini-série. Das boas. Porque, goste-se ou odeie-se, Ibra não faz audições (Wenger queria-o num período à experiência antes de arriscar a sua compra ao Malmo, essa foi a resposta que o sueco deu quando abordado sobre o assunto) e isso torna-o único.
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