Bryan Fogel ia fazer um documentário ao bom estilo de Morgan Spurlock sobre os efeitos do doping na performance desportiva e como Lance Armstrong tinha conseguido enganar centenas de análises e testes anti-doping ao longo da sua carreira. Parte do processo passava por um contacto russo cedido por um conhecido prescrever-lhe um plano de dopagem e analisar a sua urina. E, do nada, caiu-lhe nas mãos - e nas filmagens - as confissões desse mesmo cientista, afinal de contas o responsável máximo pelo laboratório estatal russo que "controlava" todos os atletas, de todas as competições e modalidades; e, daí em diante, "
Icarus" transformou-se num relato assustador de como a Federação Russa manipulou a verdade desportiva durante décadas sob a alçada dos seus governantes. Uma dádiva inesperada que Fogel soube trabalhar, esquecendo o plano original e focando toda a narrativa nos esforços do Dr. Grigory Rodchenkov em sobreviver através da verdade - o seu antecessor teve um conveniente ataque cardíaco - e da protecção da justiça norte-americana. Coragem que valeu um Óscar e um axioma que não resistiu à política - uma suspensão inicial dos atletas russos acabou por ser anulada dias antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro - mas mostrou e provou ao mundo uma realidade inegável.
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