Uma premissa que tinha tudo para resultar numa comédia banal centrada em infidelidades acaba por se revelar uma
dramédia equilibradíssima e original sobre falsas aparências e pequenos segredos que, afinal de contas, apenas o são nos olhos de quem os esconde. Realização tão simples quanto eficaz de Paolo Genovese, cinematografia e edição de primeira categoria e um elenco sólido num filme que começa agora a ser readaptado em vários outros mercados - francês e espanhol -, deixando este, o verdadeiro, perdido entre a visibilidade que uma plataforma como a Netflix dá aos restantes. "
Amigos Amigos, Telemóveis à Parte" termina de forma deliciosa - qual homenagem ao "
Inception" com aquele anel a girar e todo o "e se..." que se segue -, permite ao público conhecer profundamente os personagens, fala atrás de fala, e corre durante hora e meia a um ritmo intocável. Tudo terminado, torna-se óbvio que é mais fácil prever o futuro de alguém analisando o seu telemóvel do que o seu horóscopo; e entre orientações sexuais, gravidezes, virgindades, infidelidades, fantasias eróticas e vidas secretas, Woody Allen deve estar certamente arrependido de não se ter lembrado deste conceito antes.
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