segunda-feira, abril 06, 2020

A Mãe é que Sabe (2016)

"A Mãe é que Sabe" revela-se uma espécie rara de filme dentro do panorama nacional: um sci-fi intimista e familiar em torno do efeito borboleta, um mundo repleto de "what ifs" em constante mutação, do peso das nossas (in)decisões, dos segundos que definem uma vida, da procura patética pelo perfeito que não existe. Acolhedor e desconcertante na sua simplicidade, esta primeira longa-metragem do promissor realizador português Nuno Rocha - algumas das suas curtas-metragens de início de carreira estão disponíveis online, com especial destaque para "Vicky and Sam" - é uma belíssima ceia em bom português, com tudo o que nos distingue e caracteriza em personagens tão díspares como o labrego do primo Fernando ou o patriarca Adelino, ferrenho adepto da bola que não sabe falar de mais nada à mesa que não do seu Belenenses. Elenco seguríssimo, realização virtuosa que permite aos malabarismos interdimensionais brilhar sem chocar ou ridicularizar a narrativa e uma série de mensagens - ou serão lições de vida? - que enchem o coração ao mesmo tempo que nos esvaziam a alma. Aceitemos o nosso passado, por mais imperfeito que seja, para aproveitar ao máximo o presente e o futuro.

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