Kathryn Bigelow não tem uma carreira vasta, mas sempre que chamada a filmar cenas e sequências completas de acção, fê-lo como poucos: estilo, energia e uma abordagem técnica revigorante que emprega, como neste caso, uma espécie de first-person shooter a saltar entre prédios ou perseguições automóveis que acabam no fundo do mar. Ficássemos por aí e este sci-fi cyberpunk de gatilho rápido e universo tão complexo quanto palpável teria sido um sucesso ímpar na memória de gerações, um pouco como aconteceu com o êxito anterior de Bigelow, "
Point Break". Mas, infelizmente, a narrativa, o mistério policial que o exuberante papel de embrulho tapa revela-se demasiado simplista e formulaico, encurralado num destino previsível e esperado que nem a fibra da Angela Bassett, a vontade do Ralph Fiennes, o peito da Juliette Lewis ou o cabelo do Tom Sizemore - nunca confiem num tipo com aquela gadelha - conseguem evitar. Sobrevivem no tempo as músicas dos Skunk Anansie e a caótica passagem de ano no final, "estranhos prazeres" num visionamento de paladar agridoce.
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