Um verdadeiro soco no estômago, uma história cruel que bate lenta, lentamente, como que o sono a chamar por nós. Será de propósito? Será falta de jeito? De propósito foi certamente - ausência de banda sonora, planos longos e bem abertos de paisagens destruídas pelo tempo, de todo um outro universo a que o oeste não está habituado - mas jeito não falta aqui. Duas linhas temporais em que Villeneuve mistura a história de vida de uma mãe recentemente falecida com a busca pela verdade dos dois filhos, onde constantes actos desumanos deixam em nós uma inquietação tão desconfortável quanto, perdoem o paradoxo, humana. Que quem já é pecador sofra tormentos, enfim! Mas as crianças, Senhor, porque lhes dais tanta dor? E uma infinita tristeza, uma funda turbação, entra em nós, fica cá presa. Caiem balas no Líbano - e caiem no nosso coração. Que sorte a de Augusto Gil nunca ter conhecido esta "mulher que canta".
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