A primeira (e última) incursão no terror na filmografia de Michael Mann continua a ser a ovelha negra que o próprio, tal como o autor do livro que o inspirou, renega e repudia sempre que é chamada ao barulho pelos cinéfilos mais curiosos. Apesar dos diálogos foleiros, dos efeitos ocasionalmente manhosos, de uma cena de sexo sem qualquer sentido, da história e da mitologia que só se percebe a espaços - pudera, as três horas e meia da versão inicial de Mann foram retalhadas para pouco mais de hora e meia pela Paramount, deixando tudo numa enorme névoa de incógnitas e probabilidades que provavelmente nunca será desfeita -, a verdade é que "
O Guardador do Mal" não deixa de exibir rasgos do talento e dos traços de marca - a câmara lenta, os brilhos e as cores - de Mann, com uma premissa intrigante e um arranque fenomenal - a chegada à pequena localidade dos Cárpatos para ocupar uma velha fortaleza, ao som sintetizado tão enigmático quanto quase sempre fora de tom dos Tangerine Dream. Toda a glória de uma loucura que falha rotundamente, toda a falta de classe e de preocupações de uma época dourada no género e no estilo que tantas saudades deixou. O que eu dava por um documentário com esta malta toda - Scott Glenn, Gabriel Byrne, Ian McKellen e claro, Michael Mann - a explicar tudo o que este "
The Keep" deveria ter sido.
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