Há algo em Mike Flanagan que o diferencia dos demais. Provou isso mesmo recentemente na maravilhosa adaptação televisiva de "
The Haunting of Hill House" e fá-lo aqui também, por mais elevadas e exigentes que fossem as expectativas em torno de uma sequela para a irrepreensível obra de culto da parelha King/Kubrick, com todas as suas diferenças entre a versão escrita e cinematográfica. Tarefa difícil, perto do impossível, numa sequela para ambas as versões que acaba por safar-se com engenho e alguma mestria, rejeitando parte do passado, impondo a sua própria identidade, as suas ideias, com energia (Rebecca Ferguson) e eficácia (Ewan McGregor). Dificilmente o poderemos catalogar como filme de terror, mas sim como um thriller que evoca os melhores elementos criativos de Stephen King, numa combustão segura que não tem medo de dar tempo à história para assim proporcionar um mais detalhado background às personagens. Quase tudo bem feito até ao terceiro acto que, no regresso ao mítico Hotel Overlook, acaba por não ser mais do que uma recriação em tom de homenagem saudosista ao trabalho de Kubrick, meia hora repleta de estilo, cores e pormenores deliciosos de realização que fazem brilhar os olhos dos fãs ao mesmo tempo que aniquilam a personalidade e congruência narrativa isolada de "
Doctor Sleep".
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