quarta-feira, fevereiro 23, 2022

Be Water (2020)

Documentário algo superficial sobre Bruce Lee enquanto actor e figura quase mitológica, numa visão muito mais familiar - os testemunhos constantes da mulher, irmão e amigos próximos - e política - o racismo estrutural que impediu que tivesse a carreira que merecia em Hollywood - da vida do mesmo. Do delicioso primeiro "screen test" de Lee nos EUA, qual showcase de artes marciais de fatinho, ao seu papel de sidekick na série televisiva "The Green Hornet" em que recebia um quinto do salário de Van Williams, vamos acompanhando o percurso do Dragão até à sua decisão de voltar para Hong Kong, depois do guião que escreveu para ser a estrela de uma série televisiva ("Kung Fu") ter acabado com David Carradine na pele do "herói", o insulto e a estocada final nos sonhos de Lee em tornar-se uma figura de relevo no país que o viu nascer - sim, Bruce Lee nasceu em São Francisco. Mais retrato sociológico e identitário do que propriamente cinéfilo, fica uma visão diferente sobre um ícone e uma indústria que achava que o Mickey Rooney era a escolha mais acertada para interpretar um vizinho asiático ou que John Wayne tinha pinta de Genghis Khan. A narração omnipresente da filha de Lee não me deixou de todo convencido, mas não deixa de ser um toque simbólico relevante em torno dos escritos e das memórias do pai.

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