quinta-feira, abril 28, 2022

Ladri di biciclette (1948)

História simples mas de coração cheio em torno de um pai/marido orgulhoso que luta para conseguir meter comida na mesa em casa numa Itália pós-guerra, onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. Gasta o que tem e não tem para comprar uma bicicleta que lhe permita trabalhar, bicicleta essa que acaba roubada logo no primeiro dia do seu novo emprego. Obra fulcral no intitulado movimento neo-realista cinematográfico, uma que influenciou incontáveis realizadores, de Truffaut a Loach, num realismo cruel contaminado e corrompido pela fúria e pela revolta de um homem injustiçado pelos desígnios ardilosos da humanidade. Quem sabe se quem o roubou não o fez pelas mesmíssimas razões que levaram mais tarde Antonio a perder a sua dignidade e amor-próprio em prol de um bem maior? Um grito tumultuoso de homenagem a toda uma geração que sofreu das consequências da guerra, qual hino ambivalente de alguém que recusa ser conquistado e domado pelos obstáculos da vida. Já dizia o Miguel Esteves Cardoso: como é linda a p*ta da vida.

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