quinta-feira, maio 04, 2023

Aftersun (2022)

Chato, chato, chatinho. Hora e meia do nada que muitos dizem ser tudo para quem tem um pai ausente, hora e meia que se arrasta sem qualquer acontecimento relevante à espera de enfiar duas cenas para gáudio da audiência, ainda que por motivos completamente díspares: a cena de dança na discoteca ao som da "Under Pressure" dos Queen e, claro, um plano do rabo do Paul Mescal, suficiente para catapultar o filme para o estatuto de obra-de-arte para incontáveis miúdas que não sentem a necessidade de qualquer explicação para as razões que levam um pai a dormir completamente nu num quarto de hotel ao lado da filha menor. Diria o Pedro Abrunhosa, um dia devagar, um caminho cansado, uma luz inquieta, um hotel numa esquina, uma rua perdida, uma noite encantada para o resto da vida. O tempo tem asas e o mundo é o momento. Sim, eu gosto de Abrunhosa, quatro minutos e sintetiza melhor a vida que a Charlotte Wells em cento e poucos. Academia, go home, you're drunk.

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