Diz o Miguel que as personagens estão mal exploradas - a Ilsa que passa de personagem-chave da saga para carrancuda semi-ausente cuja paixoneta pelo Ethan só é relembrada tarde demais -, que o potencial infinito da Entidade - designação altamente parva como se não houvessem alternativas criativas para um vilão abstracto temível à la Skynet - resume-se a meter um Chiquito das telenovelas mexicanas a trabalhar por ele em dilemas parvos, que é tudo uma Quim Barreirozada do rouba a chave, mete a chave, à hora que cada um quiser. Tudo verdade. Ainda assim, porra, é Tom Cruise a salvar o cinema de sala, o cinema enquanto arte para ser apreciada num grande ecrã e não numa plataforma qualquer ranhosa de streaming. O cinema filmado no campo, no exterior, o cinema com poeira no ar, o cinema de rua, o cinema que não vive de panos verdes, estúdios e computadores para tratar dos vinte e muitos frames de CGI por segundo. A perseguição nas ruas de Roma, a cena de pancadaria num beco em Veneza, a festa no mítico Palácio Ducale, o esplendoroso aeroporto de Abu Dhabi, enfim. Esqueçamos as malas sem cadeados, as bombas que devem ter sido colocadas na ponte pelo Chiquito das telenovelas nas horas livres - com ajuda de uma grua -, as missões que se autodestroem mesmo numa época em que bastava meter o telemóvel a gravar o áudio, o comboio que se parte aos poucos, qual jogo de computador, roubando à acção aquele feeling palpável. Foquemo-nos no ritmo ininterrupto, incansável, cena após cena, sem tempo para bocejos, e na Grace. Mau, Hayley Atwell, queres ver que vou mesmo ter que ceder à Marvel só para te ver?
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