É provavelmente o Lanthimos mais acessível e, por isso mesmo, o mais equilibrado e sensato dentro da sua loucura, da sua ousadia, do seu surrealismo, da sua estranha energia. Sempre a saltitar entre comédia negra e tragédia absurdista, eis um drama de época que de época tem apenas a arte visual e cénica, uma fotografia e cinematografia irrepreensível que quase sempre numa angular estranha - qual observador externo através daqueles olhos mágicos das portas - permite-nos entrar de forma cativante no jogo de xadrez entre duas mulheres que recusam render-se a uma vida banal. Papelões de Colman, Stone e Weisz, qual delas a de maior destaque, entre diálogos inesperados - a Rainha que gosta de uma língua feminina dentro dela - e acções controversas - a masturbação assistida de palma mas sem alma. O terceiro acto parece-me não conseguir acompanhar a mestria dos dois primeiros e aquele final, ambíguo, longo e vazio, entre massagens de pernas e imagens de coelhos, revela-se uma desilusão para um filme até então tão focado, divertido e objectivo.
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