É preciso tê-los no sítio para lançar uma comédia antifascista deste calibre no pico da Segunda Guerra Mundial. Há Shakespeare a rodos, um triângulo amoroso de dinâmicas fenomenais, ritmo e timings cómicos absolutamente perfeitos, toda uma farsa hilariante - mas com subtis e eficazes contornos dramáticos - em torno da operação Nazi na Europa. É o teatro, o cinema e a arte a combater o fascismo no momento, em directo, sem receios, com uma estrutura narrativa notável onde diálogos e punchlines fluem com uma naturalidade magistral que liga diferentes momentos e acontecimentos sem uma única cena que pareça ser dispensável. Ernst Lubitsch, um alemão em contramão, à frente do seu tempo, numa sátira que foi recebida com acusações de trivializar quer o drama na Polónia quer a ameaça Nazi e que, por isso mesmo, fracassou nas bilheteiras. Muito pelo contrário, percebe-se facilmente hoje em dia, o mundo é que não estava pronto para aceitar que o humor é, provavelmente, a melhor maneira de enfrentar e enfraquecer medos e demónios. Elenco de luxo, naquela que foi a interpretação final de Carole Lombard, ícone da sua era que acabaria por falecer antes do lançamento do filme, aos trinta e três anos, num acidente de avião. Hail to myself!
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