O Lanthimos é um Terry Gilliam com mais juízo, talento e olho (de peixe) cinéfilo, mas ainda assim deixa por vezes a narrativa descarrilar por momentos, e para momentos, que pouco ou nada acrescentam a nível metafórico, alegórico ou lógico à história que decide contar, à mensagem que pretende passar. Nada demasiado grave - na verdade, acabamos até por ter mais "saltos furiosos" do que aqueles que seriam precisos para percebermos a ideia, e só um tolo como eu é que poderá estar a queixar-se de ter mais tempo e oportunidades de ver a Emma Stone como veio ao mundo - numa obra que, visualmente e narrativamente, revela-se uma fábula original, corajosa e ousada, um tipo de filme que raramente consegue sobreviver - quanto mais sobressair - na mais alta roda dos prémios em Hollywood. Falta-lhe o equilíbrio de "A Favorita" - que, perdoem-me a redundância, continua a ser o meu Lanthimos favorito -, mas garanto que faço greve às próximas cinco edições dos óscares se não derem a estatueta à Bella Baxter.
PS: A nudez frontal completa que andava desaparecida do circuito comercial desde os anos noventa está de volta às salas de cinema. Três vivas aos Deuses gregos da Sétima Arte.
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