2073 is the new 1984

Yannick (2023)

Melhor password de sempre, seguida pelo melhor wallpaper de sempre. Era maior de idade, tranquilo. O senhor subjectivo com mau hálito, a Brigitte Bardot que promete uma f*dinha em troco de alguma coragem e o grande comediante fora de forma que rapidamente caiu do seu cavalo elevado assim que o Yannick tomou conta da situação. Bem, e o Yannick, qual crítico do Público que não se conforma? O Yannick não se descreve. O Yannick sente-se. Parece fácil para Dupieux fazer algo assim tão simples, tão rápido, tão eficaz. Talvez seja. Resta-nos aproveitar.

Explosions in Movies: More Than Just Spectacle

Love, Death & Videogames

Sisu (2022)

Noventa minutos de naziexploitation com uma cinematografia praticamente irrepreensível - até nos seus momentos mais disparatados -, sonoplastia a preceito e violência/gore com criatividade e ousadia. Dito isto, elogios feitos e perfeição à vista desarmada, falta-lhe um guião, uma história com alma e coração, algo que não consegue ser disfarçado nem pelo silêncio constante do protagonista nem pela divisão da narrativa em diferentes capítulos que pouco ou nenhum sentido fazem. Falta-lhe o Tarantino dos Bastardos à mesa nas personagens, faltam-lhe reviravoltas, falta-lhe mais do que uma ideia e um visual excepcional. Serve para divertir, mas sente-se o vazio que o diferencia de outros clássicos do género.

Why Spielberg Avoids a Wide Open Aperture

Rosemary's Baby II

Criminal (2016)

E quando eu pensava que o maior problema de Israel era o conflito israelo-palestino, eis que descubro um realizador israelita que conseguiu juntar no mesmo filme Ryan Reynolds, Kevin Costner, Gary Oldman, Tommy Lee Jones, Gal Gadot, Alice Eve, Michael Pitt e Scott Adkins e, mesmo assim, fazer um filme fraquíssimo, com um conceito científico que nunca cola - as memórias de um na cabeça de outro - e as fichas de jogo todas colocadas num Costner cansado, sem grande vontade de brilhar. Todos os outros, excepção talvez a Gadot, fazem de sombras de si próprios, num conflito global confuso, de vilão patético, com várias micro resoluções que não fazem qualquer sentido. Não chegam ovos de qualidade quando o pasteleiro é um azeiteiro.

Robert Altman: America's Rebel Director

Y2K Maximum Overdrive

Ricochet (1991)

O Denzel Washington como polícia de arma escondida nas cuecas, curso de direito tirado na mais prestigiada faculdade e ainda tempo para chegar a adjunto de procurador que entala em tribunal qualquer criminoso. Isto tudo com uns abdominais de meter inveja à década de oitenta e um bigodinho de meter vergonha ao século XXI. O John Lithgow - que gosta de usar os pelos púbicos da mulher do companheiro de cela como fio dental -, lunático filho da mãe, com um olho de cada cor, brinco na orelha e sorriso maquiavélico, de pontaria afinada numa memorável audição de liberdade condicional, com berbequins e serras eléctricas ao barulho. Funerais viking com autocaravanas, braços-de-ferro em piscinas vazias e todo um plano de vingança que envolve falsas (mas elaboradas) acusações de pedofilia, corrupção e adultério. Porque há coisas bem piores que morrer. Como atravessar a cidade a correr de cuecas com um robe cor-de-rosa. Belo filminho e Gail... kiss my ass!

The Incredible Rise & Fall of Blockbuster

Messy Coppola

Breakdown (1997)

A pure 90's adrenaline-pumping thrill ride from start to finish, with several standout memorable scenes - asphyxiation by braking and that truck bridge hanging scene at the end as my favourite ones! It's city mouse versus a bunch of stray cats with tight editing and some very well choreographed stunts. J.T. Walsh, you son of a gun!

The "Unconventional" Muse

Evil Good Robotnik

American Movie (1999)

I get it that many cinephiles and indie filmmakers found some inspiration in Mark's determination and passion to make a movie. But for me, honestly, it was all just tedious and uninteresting. The slow pacing and the repetitive nature of his financial struggles just made everything become sort of monotonous after a while and everyone involved seems a little bit too caricatured and absurd. Sadly, that becomes the focus point of the documentary most of the time instead of an insightful exploration of the filmmaking side of it and process. It was on my watchlist for more than twenty years and I can't feel but disappointed with it.

Holy Controversy!

Destined to be a Christmas Classic

Murphy’s Law (1986)

"Porque é que as pilas dos polícias são todas pequenas?". Pergunta que ficou por responder pelo "Dick" Tracy do Bronson logo a abrir o filme. A única Lei de Murphy que este Murphy conhece é "don't f*ck with Jack Murphy", o que torna o Murphy original num optimista. Mulheres em todo o lado: uma como delinquente destrambelhada e linguaruda, campeã olímpica na atribuição de alcunhas, outra como vilã maléfica que gosta de disparar pela boca a dentro das vítimas e, claro, a ex-mulher, que agora é stripper. Dançarina, desculpem. A segunda incrimina-o da morte da terceira, pelo que nada a fazer que não aliar-se à primeira, em fuga dos colegas da polícia, para provar a sua inocência. Fugas de helicópteros, afogamentos por cócegas em banheiras, cunnilingus na televisão e o Charles Bronson que não gosta de maionese. Toda a gente gosta de maionese porra.

Creating T-800

Save the Cheerleader, Save the World!

Thoroughbreds (2017)

"I'm Honeymooner, and I'm dying. And I rise out of my body, and I'm staring down at our whole suburb, and time is speeding up. And I see generations of people coming, and going, and building bigger houses. And then eventually... the people start spending more and more of their time staring at their smartphones. And soon enough, they're forgetting to clean their houses, or mow their lawns, or eat. And eventually all the houses rot and collapse, and the people disappear, vanishing completely into the Internet. And then... and this is the really beautiful part, the horses take over. And the whole suburb is just beautiful thoroughbred stallions with no owners and no memory of owners and no way of knowing how expensive they are, just mating and galloping through the ruins". Amanda could very well be the only one sane in this movie. Great acting by Cooke and Joy and some really nice character dynamics between them, but was far from impressed with the lazy resolution of the daddy issues. That said, neat directing by debutant Cory Finley.

Jim Carrey Unscripted

I’m Kraving Justice

Rage and Honor (1992)

Muito bem o AXN Movies a oferecer-nos a possibilidade de rever estes charutos do tempo das videocassetes que não se encontram com facilidade fora do videoclube do Sr. Joaquim. Um chinoca a queixar-se dos estrangeiros nos EUA que não o deixam assaltar pessoas à vontade. O estrangeiro é o australiano do Richard Norton, um polícia com jeito para origamis mas muitas dificuldades em respeitar a chefe. A Cynthia Rothrock, outro clássico das artes marciais chungas dos anos oitenta, como professora de ciências marciais. O queixo mítico quadrado do Brian Thompson, aqui com rabo de cavalo e a melhor cena do filme: aquela em que descobre os tendões que controlam cada dedo, obrigando um pobre coitado a suicidar-se mexendo involuntariamente o "dedo do gatilho". Pontapés a gosto, frases bonitas do site do Citador distribuídas aleatoriamente pelo filme e, pronto, Fúria e Honra.

How To Film a Courtroom Scene

Batdad!

EO (2022)

E o burro é o burro? O gordo vai à baliza, azuis e brancos com um burro em vez de um macaco na claque, um par de cenas com uma cinematografia/fotografia lindíssima - perdido na selva com um mocho ou a atravessar o túnel com morcegos - que nada acrescentam à história e muitos animais selvagens - entenda-se por animais selvagens, homens - que mereciam trocar de vida e de corpo com o EO. Perde-se por vezes na contemplação e na estética que se sobrepõe ao conceito, mas a ideia fica connosco. Se o tivesse visto dois dias antes das últimas eleições, tinha votado PAN.

The Movie That Changed Movies