Por onde anda a magia de Steven Spielberg? Esta é a pergunta que fica no ar, após a visualização deste banalissímo "Guerra dos Mundos". Se dúvidas haviam que a transformação de realizador de culto a realizador do "sistema" (e já não podem acusar o Dias da Cunha de nada), estava em fase final, já não as temos. Porque, por mais dura que seja, a verdade é que "War of the Worlds" é um filme mais que banal, com uma história paternal mais que batida e que apoia toda a sua força na parte audiovisual, na equipa de efeitos especiais. Meu caro Spielberg, com o capital investido nesta produção e com um bom suporte de bases, até o Uwe Boll teria feito um "Guerra dos Mundos" mais interessante em termos de argumento. Porque se um filme fosse apenas efeitos especiais, "Spy Kids" também teria esse nome, o de filme. E repito... a magia de E.T ou de tantos outros com que nos presenteou, por onde anda Sr.Spielberg?
Isto porque, como dizia a velhinha, "eu ainda sou do tempo" em que ir ver uma obra de Spielberg era, logo à partida, ter a certeza que se ia assistir a um grande filme, que nos iria deixar encantados no fim. Foram raras as vezes em que algum outro realizador conseguiu o aplauso da critíca e do público de uma forma tão geral ao longo da sua carreira. Mas pelos vistos, o apocalipse, tão imponente em "Guerra dos Mundos", está para breve. É verdade que a expectativa geral era bastante elevada, mas este "War of the Worlds" saberia sempre a pouco, fosse em que circunstância fosse. E se é completamente indiscutível que um filme não se resume à felicidade ou infelicidade de um final... não havia nada menos óbvio e mais surpreendente que o caminho escolhido?
Quanto ao elenco, e apesar de apreciar o talento de Tom Cruise (nada disso que já estão a pensar), toda a sua representação pareceu-me bastante esforçada e pouco real consoante as situações que supostamente vivia. Tim Robbins esteve bem (mas longe do seu melhor) mas a nota de destaque vai, mais uma vez no CN, para a minha querida Dakota Fanning. Nascida em 1994, ela irá ter, certamente, as dificuldades decorrentes da mudança de idade que se aproxima. Mas não haja dúvidas: Dakota já possui esse dom que define uma actriz: entregar-se à câmara, sem se submeter ao seu poder.
De Spielberg sempre tivemos mais carga dramática e genialidade. Fazer um filme a pensar única e exclusivamente no facto que o seu potencial de marketing será claramente maior que o seu orçamento de produção (e olhem que não foi pouco) não resulta. Spielberg está como Pamela Andersson, ainda dá para aquecer mas não para acordar a meio da noite, meio perdido. Por isso, o rei anda nú. E não há um raio desintegrador que o acorde!
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