Certos filmes contêm no seu título toda uma sinopse. Outros conseguem, ainda, descrever todas as suas ambições com uma simples frase. “Snakes on a Plane” é o exemplo perfeito. Ao aceitar sugestões de planeamento, argumento e construção de diálogo de cibernautas de todo o mundo, “SoaP” revolucionou o cinema e originou um verdadeiro fenómeno de culto e divulgação por todo o planeta. Não, não é exagero. Para terem noção, no Google nenhum filme origina tantos resultados como “SoaP”.
Para analisar “Serpentes a Bordo”, temos que ter uma noção básica de que o filme pretende ser uma obra de dedicação ao denominado “mau cinema” de série B, e que, as suas pretensões nunca foram sérias. É puro divertimento sadomasoquista, a cem à hora e com meia dúzia de momentos de culto imediato. Para muita pena minha, a crítica especializada nacional não percebeu isso e começou a distribuir “notas zero” a torto e a direito. Paciência. Felizmente ainda existe muita gente que aprecia cinema de segunda categoria. A prova disso é a elevadíssima nota que “SoaP” consegue em sites de votação pública, como por exemplo, o IMDb.com.
Recheado de clichés, momentos cómico-trágicos notáveis e diálogos à “bad-ass nigga motherfucker”, “SoaP” é tão despreocupado e hormonal que acaba por ser relaxante e não, como seria de esperar ao juntar duas das mais temidas fobias humanas, sufocante. Sim, também é verdade que “Serpentes a Bordo” sobreviveu e cresceu devido a todo o “hype” que originou. Mas, para ser honesto, de todos os filmes desenrolados em aviões nos últimos anos (“Flightplan”, “Red Eye”, “Flight 93” e “United 93”), nenhum superou e agradou tanto as minhas expectativas como este “SoaP”. Porque o “mau” cinema consegue, muitas vezes, ser igual ou melhor do que o “bom” cinema.
Como já li na Internet, “Snakes on a Plane” pretende ser o melhor “pior filme de sempre”. Provavelmente não o conseguiu (ainda me falta ver muito “mau” cinema), mas resultou em pleno a ideia. Ao contrário de tantos outros que pretendem ser bons mas acabam por ser patéticos, “SoaP” é, propositadamente, descabido de realidade e descomunalmente bem disposto de uma ponta à outra. Nunca pretende enganar o espectador e acaba por ser eficaz. Provavelmente serei o primeiro em terras lusas a “oferecer-lhe” um rótulo escrito de quatro estrelas. Eu sei que devia ter vergonha e manter a já pouca pseudo-intelectualidade que alguns ainda julgam na minha pessoa, mas não consigo resistir. Serei “cool”? Não, sou apenas banal! “Shame on me… shame on me!”
15 comentários:
"Provavelmente serei o primeiro em terras lusas a oferecer-lhe um rótulo escrito de quatro estrelas."
Enganas-te, caro amigo. Isso foi porque não passaste antes pelo meu blog :P...
Abraço!
Tens toda a razão caro Mário. Grave erro :)
Um abraço!
Diverte, é um dos poucos filmes-pipoca intencionalmente acéfalo, but in a good way :)
Nem mais Gonçalo. Um abraço.
Pelo contrário cara Helena. Coloco SoaP acima de United 93. Isto tudo porque tive a oportunidade e sorte de ver Flight 93 (através da internet) antes de United 93 e considerá-lo bastante superior ao segundo, o que saiu no cinema. Uma fotocópia, que como é normal, numa é superior ao original.
Beijinhos Helena, obrigado pela visita!
O asssassino podia ter posto uma bomba no avião com a mesma facilidade com que pôs meio kg de cobras... ai L. Jackson telefona ao Tarantino a ver se ele te dá umas dicas...
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Depois era detectado pelos cães X :P E ficava um filme de 15 minutos!
Cumprimentos :)
Quem mete cobras suficientes para fazer uma caldeirada para vila bajo também é hábil suficiente para pôr lá uma bomba.
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Não podemos ser assim X! Quantos James Bond já não teriam morrido ao fim de 5 minutos de filme? Cumprimentos!
Mas o Bond é suposto ser um verdadeira tanga representativa das mais loucas fantasias masculinas: armas, proezas, carros rápidos com classe, bons fatos de corte inglês e as mulheres mais belas do mundo. O snakes on a plane é suposto ser possivel, era como se no próximo Bourne colocassem um rotweiller geneticamente modificado a trás do bourne (este argumento já foi utiizado num filme...)
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Não me parece que SoaP seja suposto ser assim tão possível. A própria fase final em que SLJackson dispara contra o avião, abrindo um buracão enorme no mesmo, indica-nos que tudo aquilo não passa de pura diversão. Eu gostei.
Um abraço X!
bem, a tua crítica está, como se costuma dizer, spot on! sem dúvida alguma que SoaP tinha como intuito ser um filme "mau", e nisso preencheu todos os requisitos, devo dizer que gostei bastante... e já agora da crítica também, é bom ver que pelo menos alguém percebeu o objectivo do filme haha cheers!
Ainda bem que alguém partilha comigo a minha critíca Nakamura.
Cumprimentos, volta mais vezes :)
~boa interpretação de samuel l. jackson
a história não é má de todo...
mas aquela cena de sexo no avião é completamente escusada para o fio condutor do filme
,cumps knox
~boa interpretação de samuel l. jackson
a história não é má de todo...
mas aquela cena de sexo no avião é completamente escusada para o fio condutor do filme
,cumps knox
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