sexta-feira, dezembro 15, 2006

Déjà-Vu (2006)

Destacado para reunir e descobrir provas sobre uma explosão de um “ferry” que vitimou centenas, numa Nova Orleães pós-Katrina, Doug Carlin (Denzel Washington) é um agente da divisão de drogas e armas que acaba por ser inserido num programa especial do FBI que, através do uso de tecnologias extremamente complexas e inovadoras, consegue recuar atrás no tempo e analisar o passado através de uma dimensão paralela. Mas Carlin, inconformado com a morte de um colega e de uma estranha que estranhamente parece conhecer, interroga-se sobre os fins com que essa nova tecnologia pode ser usada.

Quem procurar em Déjà-Vu um refúgio espiritual sobre o destino e aquela estranha sensação de reconhecimento denominada Déjà-Vu, que entre na sala ao lado. Déjà-Vu de Tony Scott é, ao contrário do que muitos esperam, um filme de acção e não de reflexão. O Déjà-Vu em si não passa de um pretexto tecnológico para muita (e boa) acção e um par de representações magistrais. Falo de Denzel Washington e James Caviezel, que, em papéis opostos de herói e anti-herói, preenchem o filme de forma carismática e brilhante. Aliás, é mesmo Washington que salva o filme em vários momentos de cair no rídiculo, tal a ousadia do conceito, muitas vezes só pelo seu ar dominante e olhar penetrante.

Enquadrado então no seu ramo de eleição, - a acção - Tony Scott trabalha novamente a camerâ como poucos e reproduz, de forma bem mais suave e menos irritada do que “Homem em Fúria”, um conjunto de planos extraordinariamente apelativos. Mas não há bela sem senão, e em termos de montagem, “Déjà-Vu” volta a pecar por diversas situações. Tal como o havia feito em “Man on Fire”. O elenco é forte e apenas Val Kilmer, com a sua personagem de cara inchada e avolumada, sem qualquer aprofundamento psicológico destoa. Já Washington volta a agarrar o espectador como só ele sabe e desta vez conta ainda com um inesperadamente arrepiante e frio Caviezel. Uma palavra ainda para Adam Goldberg, que com uma personagem secundária rouba por várias vezes o protagonismo no ecrã a todos os outros.

Num filme cientificamente complexo e arrojado como “Déjà-Vu”, serão certamente muitos os que apedrejarão Tony Scott pela leviandade com que trata o tema. São imenos os buracos no argumento e facto de tornar o déjà-vu resultado de um mecanismo tecnológico, construído pelo homem, invés de uma qualquer habilidade da mente ou característica arrepiante e espiritual da raça humana, abonará na sua acusação. Mas para todos os outros que conhecem o historial de Scott e sabiam que o filme seria, acima de tudo, frenético e ideologicamente despreocupado, “Déjà-Vu” foi uma óptima surpresa. Surpresa porque apanhamos um Tony Scott com uma mão mais firme e menos irrequieta, liderado por um Denzel Washington que, por mais que tente e arrisque, não sabe fracassar. É acção pura mas inteligente e com fundamentos. Agora resta esperar que alguém pegue no conceito de Déjà-Vu deixado por Scott e o transforme numa série televisiva. O que não falta é pano para mangas.

5 comentários:

Sam disse...

Sem dúvida, um filme com ligação directa a outra excelente obra, MAN ON FIRE. Tanto por Denzel Washington, como pelas excelentes sequências de acção. Tony Scott é sinónimo de estilo!

Mal posso esperar pela estreia aqui nos Açores.

Cumprimentos.

Carlos M. Reis disse...

Sem dúvida alguma Sam que Tony Scott é sinónimo de estilo. Mas desta vez até mudou bastante de Man On Fire para Deja Vu. Parece bastante mais calmo.

Eu preferi o Man on Fire, mas este Deja Vu tem uma marca muito própria. Não fosse Washington e Scott e passava certamente despercebido.

Um abraço Sam.

brain-mixer disse...

Ok eu vou por ti, hem... Vou confiar neste Déja Vu. Espero é que não tenha incongruências científicas colossais tal como tinha a trilogia Regresso ao futuro :P (embora até seja entertenimento do bom)

gonn1000 disse...

Os Scotts não são dos meus preferidos, mas mesmo assim devo espreitar este. Se não gostar acertamos contas :P

Carlos M. Reis disse...

Não confiem em mim. Já disse que o filme não será grande espingarda para quem não apreciar especialmente Scott e Denzel. E sim Edgar, tem imensas incongruências científicas.

Um abraço Gonçalo e Edgar, obrigado pela visita.

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