“O homem perfeito. A história perfeita. O homicídio perfeito”. Esta é a “tagline” de uma das comédias mais deliciosas que chegaram ao cinema nos últimos tempos. Isto porque além do que é descrito, temos ainda um realizador quase perfeito e um actor (também ele, o inevitável Woody Allen) primoroso. A história essa, envolve um jornalista recentemente falecido que consegue comunicar do além (Ian McShane de “Deadwood”), um assassino em série (cabe a vocês mais tarde descobrir), uma ainda estudante de jornalismo (Scarlett Johansson), um mágico divinalmente bem-disposto (Woody Allen) e um aristocrata bom vivant (Hugh Jackman) pelo qual a estudante se apaixona.
O humor de Allen tem tanto de culto como de desesperado. A despreocupada ansiedade sobre a vida e a morte espelhada em cada diálogo de “Scoop” irá certamente angustiar e aborrecer uma grande maioria da crítica nacional – tal como o fez lá por fora, onde tão facilmente saíram notas nulas como notas máximas -, mas deliciar os verdadeiros admiradores da genialidade de Allen. Menos tradicional do que é hábito, e mesmo sem se aproximar de algumas das suas comédias mais ousadas, “Scoop” é, digam o que disserem, uma obra pecaminosamente inteligente e recheada de valentes gargalhadas. A culpa? De Allen, não só como realizador, mas principalmente como actor.
Mas “Scoop” é uma comédia, no verdadeiro sentido da palavra, e tem sido injustamente criticado por falhar “escandalosamente” no suspanse e no mistério em volta da intriga. E não faz qualquer sentido, pois o mistério e o suspanse imaginados por Allen são apenas suplementos de base para a existência de toda a linha cómica que invade “Scoop” do ínicio ao fim. E a escrever humor, poucos o fazem como Allen. Ainda hoje. Mesmo quando não é brilhante, é melhor do que o resto que apodera-se do mercado semana após semana. E neste seu mais recente filme, somos agraciados com algums pormenores verdadeiramente encantadores e inigualáveis. Desde das duas primeiras falas da personagem de Allen que servem para elogiar Londres e Scarlett, à sua visão do purgatório e da própria morte, sem esquecer claro as suas fantásticas “one-liners”, temos em “Scoop” a faceta light e descontraída de um realizador sumptuoso, notável.
Assim, “Scoop” é uma comédia tonta e Allen é o primeiro a confirmá-lo em todas as entrevistas que concedeu sobre o filme. Chegou a afirmar que só por isso entrou no filme, porque se fosse para levar a sério, teria contratado outro para o seu papel. É um filme para aliviar a tensão criada em volta do mesmo devido a “Match Point” e que originou um grau de exigência elevadissímo por parte do público. E como diz Woody a certa altura no seu filme, “Se todos tivessem o meu sentido de humor, o mundo não estava assim.”. Era bem capaz.
18 comentários:
Vou ver na quinta e depois digo alguma coisa. Estou com boas expectativas...
Eu gostei Simão. É Allen simples e tradicional, sem megalomanias pelo meio. Quem não gosta do humor de Allen que não se aproxime. Quem gosta e não colocar as espectativas muito altas, irá certamente sair satisfeito.
Um abraço.
Por´acaso já o vi há bastante tempo, tendo em conta que saiu lá fora há pelo menos 6 meses... enfim! Não gostei. Achei até muito mau o filme. É uma comédia sem piada... mas lá está são opiniões!
Depois de "Match Point", fiquqi com mais confiança no tio Woody, espero concordar contigo.
Ricardo, é muito mesmo uma questão de gostos humorísticos. Quem não gosta de Allen e não conhece os temas vitais (morte etc.. etc..) da sua obra, certamente não gostará de Scoop. E mesmo quem gosta fanaticamente, se tiver a pensar em obras superiores, irá achar este Scoop bastante mediano/fraco. Mas a verdade é que Scoop é Allen sem preocupações, descontraído e a fazer rir. E para mim isso foi óptimo. Um abraço.
Gonçalo, fico à espera da tua opinião então :) Um abraço!
Quam não gosta de Woody e do seu humor, fique longe!
"Joe Strombel: This'll be the biggest story to hit London since Jack the Ripper.
Sondra Pransky: Jack the Ripper. Is that capitalized?"
Ehehe... delicioso! :)
Delicioso é mesmo a melhor palavra para definir o humor de Scoop. Que venham muitos mais de Allen.
Beijinhos, Wasted. E a encomenda não tá esquecida, eu é que ando com trabalho a mais e paciência a menos para ir aos Correios. Desculpa. Mas tentarei ir o mais rápido possível.
Verei brevemente. As expectativas são bem grandes.
Verei brevemente. As expectativas são bem grandes.
Não vás com altas expectativas, pois o filme é demasiado simples para ser levado muito a sério. E é essa a sua beleza.
Cumprimentos Joana.
wasted blues - com esse comentário deixaste-me desejoso de o ver! era pa ter visto ontem mas não deu :\ espero ve-lo amanha.
Já dizia alguém numa revista recentemente, "Mesmo um Allen menor é garantia de uma brilhante comédia."
Gostei. estava à espera de mais mistério não vou negar, mas o humor de Allen contagia-me!
Não é dos seus melhores, mas é um bom filme!
O problema é esse. Muitos foram ver o filme à espera de intriga e suspanse, quando o filme é pura comédia.
Um abraço!
Não conhecia este blog e fica desde já garantida a minha visita com frequência pois gostei muito.
Quanto ao filme, adorei e achei alguns pormenores geniais. Lembro-me do woody a tentar tornar credível o facto de ser pai da scarlett, dizendo que ela era adoptada e que era uma criança com necessidades educativas especiais. genial.
Essa parte é absolutamente deliciosa Psipsina :) Obrigado pelas palavras, serás sempre muito bem-vinda a este cantinho.
Cumprimentos :)
tens alto site!
adorei o scopp, acho c é simples, mas muito eficaz.serviu pa desanuviar do match point.
para mim, o woody é um genio do drama e da comédia!!!
Obrigado Jackie Brown. De resto, sim Scoop é simples mas espetacularmente eficaz. Woody a rei :)
Cumprimentos!
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