sábado, fevereiro 03, 2007

Match Point (2005)

“Match Point” de Woody Allen não tem Woody Allen como protagonista, não tem Nova Iorque como cenário e nem sequer conta no seu enredo com o maior dom do seu autor, que o catapultou para a eternidade: o inconfundível e abstracto sentido de humor. É sim um melodrama surpreendente sobre o destino e a sorte, com traços negros de suspanse, traição e morte. Chris é um jovem professor de ténis que sonha pertencer à alta sociedade britânica. Sonho esse que começa a tomar forma quando um dos seus alunos, Tom, o apresenta à família, aos pais e à irmã, que ficam fascinados com o seu gosto pela ópera e pelas artes. Mas Chris, que rapidamente começa um romance com a irmã de Tom, cai também ele rapidamente em tentação com a namorada de Tom (Scarlett), uma americana aspirante a actriz que transpira sensualidade por todos os poros. Entre as duas mulheres, Chris terá de recorrer a medidas extremas para não perder tudo o que instantâneamente ganhou.

Com uma considerável carga dramática e sempre em crescendo emocional, “Match Point” foi o regresso ao minimalismo mais primitivo e fulgurante de Allen, sem a necessidade deste de recorrer às suas marcas mais autorais. Bem filmado, com Londres como contexto e não como fundo, “Match Point” é uma obra extremamente sóbria sobre a imparcialidade moral da sorte e, por consequência, do destino. Com um argumento cruelmente real, repleto de culpa e desejo, Allen voltou a alcançar a notoriedade que desde os anos 80/90 lhe escapava iniquamente.

No entanto, o filme é demasiado repartido em termos de ritmo. Se temos uns quinze minutos finais absurdamente arrebatadores, do melhor que Allen fez na sua já longa filmografia, somos durante vários períodos do filme comparecidos com uma apatia quase asfixiante, que enrola e enrola o que de mais básico a obra produz e acaba por cansar e desanimar um pouco o espectador mais impaciente. O “casting”, como já é habitual nos filmes de Allen, é adequado e apropriado. Rhys Meyers surpreende e Scarlett Johansson confirma. Em suma, a ópera iguala o jazz, e Allen prova, de uma vez por todas, ser muito mais do que apenas um comediante de sucesso.

15 comentários:

Loot disse...

"The man who said I'd rather be lucky than good saw deeply into life"
Gostei muito um dos melhores do ano na minha opinião. E não acho que Jonathan Rhys Meyers surpreenda, sempre achei que o senhor era muito bom actor.

Carlos M. Reis disse...

Eu para ser honesto, nunca gostei da cara dele. Mas tive que dar a mão à palmatória em Match Point.

Um abraço _loot_

Anónimo disse...

Foi lançado no http://trailersblog.blogspot.com uma votação do "Filme do Ano", com uma lista dos filmes que consideramos ser os melhores de 2006. A lista tem os títulos somente em inglês para que os cibernautas de outros países possam também dar o seu voto. Podem só votar em um filme.

We put in this blog - http://trailersblog.blogspot.com - a web poll for the people vote in the "Movie Of The Year", with a movie list than for us, are the best 2006 movies. The list have the movie titles only in english to the people of other countries can give your vote also. You can vote just in one movie.

Pedro Afonso

Carlos M. Reis disse...

Até vou deixar passar este duplicado também, porque essa brilhante tradução inglesa acaba por dar uma faceta Woody Allen ao artigo :P

Museu do Cinema disse...

Filmaço Matchpoint, um dos melhores de Allen, que com o tempo tem ficado melhor.

Carlos M. Reis disse...

Não tem ficado melhor (Annie Hall e Manhattan são, ainda hoje, impossíveis de ultrapassar), mas continua a um excelente nível. Um abraço!

Anónimo disse...

Vi, quando estreou, no cinema e já o tenho no meu móvel de DVDs.
É, sem dúvida, uma fuga ao universo "normal" de Allen(se é que alguma coisa é normal em Woody Allen). É a confirmação da tranferência do seu pólo criativo de NY para Londres.
A memória obriga-me a recordar a metáfora ténis/aliança a bater no corrimão. Só para acabar... o que eu gosto do Rhys Meyers!

Anónimo disse...

*transferência

Carlos M. Reis disse...

É sem dúvida um filme de Allen que de Allen tem muito pouco. Julgo que Scoop é mais confirmação, pois Match Point foi o primeiro a ser rodado em Londres, é mais a estreia :)

A cena da aliança a bater no corrimão vale por todo o filme.

Beijinhos inesgêns. Obrigado pela visita :)

Rui Francisco Pereira disse...

o filme que me deu a conheçer woody allen
está fantástico!
a interpretãção da scarlett johanson é muito boa e o argumento é do outro mundo...

um grande abraço knoxville

Carlos M. Reis disse...

Não é o melhor filme para ficar a conhecer Allen, pois é talvez o menos Allen deles todos. Recomendo-te, como introdução ao verdadeiro Allen, o recente Scoop. Um grande abraço!

Anónimo disse...

obrigado pela sugestão mas também já vi esse, logo a segui ao match point

aliás estes são os unicos filmes de allen que vi...

um abraço

Carlos M. Reis disse...

Então e o que achaste?

Um abraço!

Anónimo disse...

de morrer a rir!
uma des melhores comédias que já vi
o woody é demais...
mas acho inferior ao match point

Carlos M. Reis disse...

Não são comparáveis, a meu ver. Estilos e géneros completamente diferentes. Mas sim, o Scoop é delicioso ;) Um abraço!

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