quinta-feira, abril 19, 2007

Sunshine (2007)

O Sol está a morrer, guiando consigo à extinção toda a vida na Terra. A última esperança reside numa nave espacial e numa equipa de oito tripulantes que embarcam numa viagem “solar” com uma bomba que irá dar nova vida à estrela maior. Mas, como sempre, nem tudo são rosas e as complicações começam no instante em que perdem contacto com o Planeta-Mãe. Depois de alterarem o percurso devido a uma descoberta extraordinária, que indica a possibilidade de vida de uma outra nave que desapareceu sete anos antes, ocorre um erro fatal que pode colocar em causa as vidas de todos, bem como a sua sanidade mental. E, tão perto de Deus, será que Ele irá dar uma ajuda?

“Sunshine” é um filme de opostos em quase todas as suas vertentes. Para infortúnio do espectador, a sua linha narrativa é uma delas. Com uma primeira metade absolutamente primorosa em todos os aspectos, Danny Boyle consegue criar uma exímia e excelsa atmosfera de tensão crescente, que não consegue depois sustentar com a mudança radical de estilo causada pela introdução de um vilão patético e entorpecido na história. Para complementar este rasgo de completa demência, Boyle alcança ainda a triste sina de arruinar uma pausível situação científica e humana, numa discussão teológica e filosófica absolutamente supérflua e inócua.

De qualquer das formas, “Missão Solar” não deixa de ser uma boa proposta para os menos cépticos. A realização e a cinematografia de Boyle são de alto gabarito e competência, numa adaptação irrepreensível e imaculada ao género do realizador britânico. Insidiosamente, a deliberação decisiva da obra é completamente desencaixada do que tinha sido feito até então, numa reviravolta infeliz que “envia” um potencial clássico de ficção científica de volta à Terra. No entanto, dificilmente o ambiente claustrofóbico e sufocante dos primeiros cinquenta minutos será precipitadamente excluído dos registos cinematográficos, numa experiência sensorial que esteve tão perto de ser indelével e gloriosa, que acaba por deixar um forte sentimento de desilusão e decepção.

6 comentários:

inêsgens disse...

Viva!
Tal como tu, andei deliciada com a realização claustrofóbica da mente excêntrica de Danny Boyle mas continuei dessa forma até ao fim da fita.
Apesar de haver, de facto, alguns momentos em que o fio narrativo se pode perder no meio da atmosfera demasiado asfixiante, entendi-a como uma experiência para levar os sentidos a um extremo. É, para mim, esse lado experimental que torna Sunshine numa das surpresas deste ano.
Saí da sala convencida com o sufoco na tela e com as inspirações retiradas dos grandes portentos da ficção científica.

Beijinhos :)

Carlos M. Reis disse...

Para mim, o sufuco acabou por completo com o vilão. Até esse momento, estava a ser uma experiência única. Depois, banalizou-se.

Beijinhos Inês.

Bracken disse...

Knoxville, andava a dar uma vista de olhos pelo arquivo do EmCena, quando descobri uma crítica tua sobre "O Sentinela". Adorei especialmente a frase do P.S... :)
Abraço,
Bracken

Carlos M. Reis disse...

Bracken, qualquer frase que tenha a Kim Basinger presente é uma boa frase. Quer dizer... esta agora não soou lá grande coisa :P

Um abraço Bracken!

Luís A. disse...

bom o conceito deste filme remete-me para um (tele)filme dos anos 90 com o Charlton Heston e realizado por esse realizador-mistério de seu nome Alan Smithee:). Curiosamente esse filme tinha o mesmíssimo título português e o mesmíssimo conceito o que diz muito sobre os senhores responsáveis pelas atribuições de títulos às películas estrangeiros. O do Alan Smithee era muito maus, este se o vir é por causa de Trainspotting e de A Praia. Veremos:)

Carlos M. Reis disse...

Com o Charles Heston (já agora, o que é feito dele?) e com o enorme mas infelizmente já falecido Peter Boyle. Nunca vi esse filme mas sei do que falas. Quanto a este Sunshine, se gostas de Danny Boyle vê, tem lá os seus traços todos. Caso contrário, passa ao próximo :)

Um abraço Luis. Obrigado pela visita.

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