Baseado na personagem mais famosa de Robert Ludlum, criada no início dos anos 80, "The Bourne Identity" relata a história de Jason Bourne, um assassino profissional que é encontrado a boiar no Mar Mediterrâneo, com um número de uma conta bancária e duas balas alojadas nas costas e sem memória. Sem saber sequer o seu nome, Bourne apenas compreende rapidamente que defende-se como poucos e que a sua vida corre perigo. E vai depender dos seus instintos para sobreviver.
Com uma realização interessante e inovadora de Doug Liman, o mesmo que nos trouxe os simpáticos e dignos de algum lavor primoroso "Go", "Swingers" e, mais tarde, "Mr. and Mrs. Smith", a "Identidade Desconhecida" faltou um enredo um pouco mais inteligente e arriscado, que não baseasse a sua fortuna nas alucinantes sequências de luta, onde alguns dos melhores duplos do mundo davam vitalidade, energia e um realismo super-sónico à câmara de Liman. Demasiado leal ao seu acautelado argumento adaptado, o suspanse só triunfa na busca pela identidade de Bourne, deixando para trás a vertente de espionagem, onde nem existe a preocupação de produzir e originar um vilão de referência.
De qualquer das formas, deve ser louvada a coragem de Liman em não ceder - em virtude do seu elevado orçamento - aos efeitos pirotécnicos típicos do género, onde explosões dominam diálogos e onde as técnicas de montagem salvam a fita do pavor e do terror coesivo da estrutura de ligação. Pena que os responsáveis pela adaptação do livro ao cinema se tenham esquecido que os bichos papões imaginários dos anos 80, são hoje meras ilusões. Ou não serão?
5 comentários:
O bourne Identity nunca foi projectado como sendo um filme independente, estaria sempre "umbilicalmente" ligado às outras obras de Ludlum, logo num filme que é baseado num livro "inacabado" seria complicado pedir uma narrativa 100% acabada.
Tanto é que tal foi feito de propósito por Lundlum para criar um anti-bond ou seja, um herói não mutativo (como bond que está constantemente a mudar de "personalidade") mas evolutivo.
Como narrativa contínua, identity, supremacy e ultimatum estão muito bons se caracterizados como projectos conjunto, talvez supremacy e ultimatum sejam apenas superiores pois há uma introdução directa de personagens ligadas a agências "reais" - CIA - e por claro... serem realizadas pelo Greengrass, que apesar de ter a sua idade (50 e qq coisa se não me engano) dá cartas na nova vaga de filmagem "pseudo"-realista.
Boa crítica ao filme. Congrats
Gostei do texto.
Bem feito.
Diogo, excelente comentário. Gostei de ler. Quanto ao Ultimatium, ainda não tive tempo de ir ao cinema vê-lo. Mas o Supremacia desceu um pouco o nível do primeiro. Apesar de ter uma das perseguições mais memoráveis da história do cinema. Um abraço.
José, obrigado. Um abraço!
Gostei dos 3 filmes, que considero excelentes filmes de acção.
Já os livros... fiquei muito desapontada. Tenho os 3 que foram escritos pelo Ludlum, mas só consegui terminar o primeiro. Para ser franca, os livros são incrívelmente chatos por tentarem ser mais do que aquilo que são: livros de acção. A história é bem mais complicada, envolve o Jackal e, mesmo inserida no contexto em que foi escrita (anos 80), um pouco rebuscada demais.
Gostei talvez por isso mais dos filmes, e percebi a direcção que seguiram: começam por seguir a história original (até metade do 1° filme), mas rapidamente se afastam, seguindo um caminho mais simples e, ao mesmo tempo, mais credível.
Syrin, ainda bem que nunca peguei nos livros então. Não és a primeira a criticar os livros de Ludlum. Cumprimentos!
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