quinta-feira, janeiro 31, 2008

Annie Hall (1977)

"I feel that life is divided into the horrible and the miserable. That's the two categories. The horrible are like, I don't know, terminal cases, you know, and blind people, crippled. I don't know how they get through life. It's amazing to me. And the miserable is everyone else. So you should be thankful that you're miserable, because that's very lucky, to be miserable."

"Annie Hall" de Woody Allen é um filme paciente que baseia o seu fluir nos ingénuos mas divertidos e astutos diálogos e monólogos das suas personagens. Estreado num ano onde os blockbusters (como o primeiro "Star Wars" ou "Close Encounters of the Third Kind") predominaram, foi a simplicidade atrevida e irreverente de "Annie Hall" que levou o Óscar de Melhor Filme - Realizador, Argumento e Melhor Actriz Principal também - para casa. Um testemunho claro da sagacidade insaciável de "Annie Hall", onde Alvy Singer, um comediante judeu neurótico e hormonalmente desequilibrado e Annie Hall, uma citadina moderna mas algo imatura, partilham e examinam as suas experiências passadas e presentes.

E como em qualquer história romântica, só uma narrativa única, inteligente e altiva poderia elevar uma obra do género ao estatuto de culto que ainda hoje protege "Annie Hall". Mas mais do que isso, "Annie Hall" foi o filme que marcou a maturação definitiva de Woody Allen como realizador e comediante para o grande público. Isto porque conseguiu pela primeira vez aliar o seu humor característico ao drama e ao romance, em vez das comédias puras que até então protagonizara, como "Slepper", "Bananas" ou "Everything You Always Wanted to Know About Sex * But Were Afraid to Ask". Tudo embrulhado numa obsessão fascinante por Nova Iorque, um humor judeu auto-depreciativo e tendências neuróticas tão sublimes como presunçosas.

Repleto de "one-liners" que ainda hoje servem de referência a uma mão cheia de filmes, de cameos deliciosos como os Jeff Goldblum, Marshall McLuhan, Truman Capote, Paul Simon, a então desconhecida Sigourney Weaver ou Christopher Walken, - que, na minha opinião, faz parte da cena mais hilariante de todo o filme, quando confessa a Alvy Singer que quando conduz, tem vontade de chocar com as luzes que vêm de frente, perante o gozo de Alvy que lhe acena e afirma que gostou muito da conversa mas que agora tem que voltar ao Planeta Terra, só para segundos depois descobrir que é Walken que o vai conduzir a casa - "Annie Hall" é um dos mais raros exemplos de como podem co-existir de forma harmoniosa a comédia, o romance e o drama numa mesma película. Mesmo com uma narração algo confusa que não respeita espaços temporais nem limitações físicas, com moldes de sessão psicanalítica auto-reflexiva. Não fosse o seu final morno, longe da magnificência e da sumptuosidade da restante fita, e este poderia muito bem ser o meu "Allen" favorito. Assim sendo, fica lá perto.

10 comentários:

José Quintela Soares disse...

Allen no seu melhor.
Inesquecível!

CP disse...

"final morno" - deixa-me adivinhar, gostaste mais do final de "Manhattan" não foi?
:P
É um dos meus filmes favoritos do Allen.

Luís A. disse...

Caro Knoxx. Só 4 stars!? Acho que vai haver muito boa gente a discordar. Eu daria 5. E em relação ao final que chamas morno, eu chamaria melancólico e resignado, e bastante revelador da verdadeiro lado pessoal de Allen, que se esconde por debaixo de todo aquele hilariante cinismo que todos adoramos. Apar de Manahtan é o meu woody favorito! abraços

Cataclismo Cerebral disse...

Dava-lhe mais uma estrelinha! É um filme soberbo a todos os níveis, com um lugar na cultura popular que poucos conseguem alcançar. É o filme de Allen que mais amo logo a seguir ao Manhattan (este é, curiosamente,uma das obras que o realizador menos aprecia da sua filmografia).

Abraço

P.R disse...

4 estrelas? Que heresia :)

O final é absolutamente inesquecivel lol

Alvy Singer disse...

Um amor para toda a vida.

Um abraço, caro Knoxville.

Carlos M. Reis disse...

Bem, estou a ser completamente chacinado :D

José ;)

CP, não é uma questão de gostar mais do final de Manhattan ou de Annie Hall. Em geral, na totalidade, gostei mais de Manhattan. A razão principal porque não dei as 5 estrelas a Annie Hall, é porque nesse caso teria de dar 6 a Manhattan. ;) Um abraço!

Luís, é um final melancólico, resignado... morno ;) Na minha opinião, claro. Acho que o génio de Allen poderia ter arranjado uma conclusão bem mais tocante, muito mais melancólica. ;) Um abraço!

Cataclismo, nisso não há dúvida, é um filme que marcou por vários anos a linguagem quotidiana. Um abraço!

P.R, pior só mesmo teres gostado dessa pseudo-neutra propaganda que foi o 4 Meses, 3 Semanas, 2 Dias ;P

Alvy ;) Um abraço!

P.R disse...

lool

Não é propaganda nenhuma... E até acho que sei porque é que dizes isso.: por causa da cena na casa de banho com a toalha certo?

Não axei propaganda. Axei que era necessário a imagem para a parte final ter maior impacto dramático. É o melhor filme a estrear até agora :P

Carlos M. Reis disse...

What else? ;) Foi só para te chatear hehehe :D

Carlos M. Reis disse...

What else? ;) Foi só para te chatear hehehe :D

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