1994. O ano em que a RTP Açores deixou de fazer parte da minha vida. Infinitas foram as noites em que, sozinha na grelha, repetida em meia dúzias de canais que se diferenciavam por alguma interferência - derivada da velha e feia antena no topo da casa que era reconhecida na rua como aquela que tinha portas de saloon entre a cozinha e a sala - acompanhou dias e noites chuvosas em que berlindes, peões e cassetes das Tartarugas Ninja substituiam a Internet, os bares e os dvds de hoje. Desse o que desse no "nosso" canal, não havia alternativa. Por isso mesmo, tudo era mágico. Tinha que ser para não se dar em doido. Eis a merecida homenagem, repartida em dez capítulos, das melhores memórias que guardo dos meus primeiros anos de televisão. De novelas a programas desportivos, sem esquecer séries nem desenhos animados. Credo, até o hino nacional no final da emissão era delicioso. Qual zapping qual carapuça.
Produzida pela Globo, "Pedra Sobre Pedra" foi a primeira novela escrita por Aguinaldo Silva, hoje um dos nomes mais fortes e reconhecidos da área. 178 capítulos de muita parvoíce, misticismos irrisórios que envolviam flores que enloqueciam mulheres por um fotográfo playboy... falecido e um lobisomem careca com o apelido "Cabeleira". Até a dona Quirina, com os seus cento e tal anos - mas com uma memória de elefante e adágios de ocasião - era extraordinária. Sendo ainda hoje a terceira novela com maior audiência da história da televisão brasileira, "Pedra Sobre Pedra" contava com um elenco de luxo, onde Lima Duarte, Renata Sorrah, Fábio Júnior, Mauricio Mattar, Marco Nanini, Arlete Sales, Eva Wilma e o gigante Armando Bógus - que viria a falecer alguns meses depois do final das filmagens - espalhavam alegria, alvoroço e boa disposição logo após o telejornal das seis da tarde. Sim, porque eram duas horas de diferença para o continente e o telejornal era o único programa transmitido em simultâneo com a estação-mãe. Caramba, há aqui alguem que não se lembre de Jorge Tadeu, da Pilar Batista ou do Murilo Pontes? Da musiquinha "encosta a cabeça no meu ombro e chora" ou do genérico com perspectivas ligeiramente eróticas?
8 comentários:
Jorge Tadeu... quem é que não se lembra dele e das suas flores. ;)
A que mais me marcou foi a Tieta, ainda hoje. Não só porque é baseada numa obra do meu autor favorito, Jorge Amado, mas também pela bela banda sonora, que ainda hoje guardo.
Tirando a Tieta, acho que as restantes que ficaram na memória foram "Roque Santeiro" e "Vamp".
Pra mim "Pedra Sobre Pedra" é mesmo a melhor telenovela vinda do outro lado do Atlântico. Inesquecível. As outras que se lhe aproximam são mesmo Tieta e Roque Santeiro. Pena que hoje já não se façam novelas assim... Então as da TVI são mesmo para evitar...
Delegado é o meu marido!
Syrin, a Tieta é das poucas que me lembro além desta Pedra Sobre Pedra. Já o Roque Santeiro não foi do meu tempo - ou não passou na RTP Açores. Beijinhos.
Pipoca ;) Cumprimentos.
Homersimpsol, o Tadeu sabe disso? :)
Uma casa na pradaria... Não é brasileiro mas é o que mais se aproxima desses enredos.
O que tu foste buscar hehe ;) Dava para uma entrada longa falar sobre Uma Casa na Pradaria.
Ahh,que recordações esta novela me trás, é das que mais me recordo. Ainda há dias falamos nela fazendo referência à árvore do Jorge Tadeu...
A árvore do Jorge Tadeu... lembro-me melhor das borboletas ehehe ;) Cumprimentos.
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