Baseado na obra homónima de Holly Black e Tony Diterlizzi, “As Crónicas de Spiderwick” narra a aventura fantasiosa de Jared, Simon e Mallory, três irmãos que, após o divórcio dos pais, vão viver com a mãe para uma velha mansão abandonada no meio da floresta. Um dia propriedade de Arthur Spiderwick, um tio-avô que, estranhamente, algumas décadas antes havia desaparecido da face do planeta sem deixar rasto, a casa encerra segredos tão peculiares como inexplicáveis. Com a descoberta do “Guia Prático para o Mundo Fantástico”, Jared vai tentar provar a todos que os estranhos acontecimentos que abalam a família têm por fonte criaturas fantásticas, onde duendes, gnomos e fadas são apenas a ponta do iceberg. Resta descobrir em quais deles é que Jared pode confiar.
“The Spiderwick Chronicles” apela, de forma sensata e equilibrada, a miúdos e a graúdos. Depois de algumas desilusões recentes no género, que apostaram em elencos portentosos mas que acabaram por almejar dementemente ser um marco igual ou superior às adaptações cinematográficas das fábulas de J. K. Rowling ou Tolkien, o ainda inexperiente Mark Waters (“Um Dia de Doidos” e “Giras e Terríveis”) soube construir em pouco mais de hora e meia um conto harmonioso, com pés, tronco e cabeça, onde o promissor Freddie Highmore comanda as tropas de forma irrepreensível, interpretando duas personagens tão eficazmente como se de dois actores diferentes se tratasse.
Sem grandes artimanhas ao nível do argumento, e contrabalançando persuasivamente a realidade com a fantasia, o maior trunfo do filme acaba mesmo assim por ser a competência demonstrada ao nível dos efeitos especiais, dotando o mundo mágico de uma agilidade tremenda perante o mundo real. As expressões faciais das criaturas adequam-se às de carne e osso – o que, por si só, é cada vez mais raro – e os cenários construídos não transparecem qualquer réstia de artificialidade. Apesar de algumas falhas no planeamento dos momentos de tensão, de alguma superficialidade unidimensional entre as personagens e de a fita não explorar algumas oportunidades adjacentes ao lado maquiavélico, “As Crónicas de Spiderwick” é uma proposta simpática que sabe que é na simplicidade que está o ganho.
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