Um grupo de maganões com queda para investidas ilegais e um banco privado com alguns dos mais importantes segredos da realeza britânica são, à partida, elementos mais do que suficientes para, com alguma imaginação à mistura, criar um thriller de acção aceitável. “O Golpe de Baker Street” – tradução bem menos redundante que o título original – é um bom exemplo disso. Baseado em acontecimentos verídicos que foram manchete de quase toda a imprensa inglesa no final do Verão de 1971 (só para mais tarde diluírem-se por completo do radar e dos meios de comunicação social por suposta imposição do governo local), Roger Donaldson oferece ao mundo uma versão pessoal possível do que pode ter mesmo acontecido naquele que ainda hoje é considerado um dos assaltos mais caricatos e misteriosos da história recente do continente europeu.
Com uma estrutura estética bastante similar à usada por Jean-Pierre Melville em “Le Cercle rouge”, “The Bank Job” é, também à semelhança da obra francesa de culto dos anos setenta, um filme onde o estilo e as travessuras criminais da narrativa predominam sobre um aprofundamento meditado das personagens, das suas relações ou das consequências lógicas dos seus actos irracionais. Não encontramos então na realização de Donaldson – realizador australiano responsável por películas variadas como “The Recruit”, “Cocktail”, “Species” ou “Thirteen Days” – a mínima intenção de criar uma obra-prima do género; apenas um filme simpático e descontraído, que provoque algumas gargalhadas no público e deixe uma leve percepção de alguma inteligência e raciocínio nos entendimentos secretos e corruptos que marcam o desenrolar da trama.
No que concerne ao elenco, temos a confirmação que Jason Statham é cada vez menos um Van Damme de cabeça rapada mas sim um Bruce Willis com sotaque britânico. Com muito charme e uma feição característica irresistível, Statham tem sido sábio o suficiente para escolher projectos que não o banalizem por completo. Saffron Burrows – que, diga-se de passagem, passava bem por clone de Soraia Chaves – mantém o engenho e a habilidade evidenciada na quarta temporada da série televisiva Boston Legal e adiciona o elemento inevitável de fatalidade feminina, tão habitual nas obras do género. Pena que não haja uma caracterização eficaz do vasto leque de personagens secundárias aparentemente interessantes e que, a certa altura, já ninguém na sala de cinema faça a menor ideia do que é que é baseado em factos reais e do que é que é pura especulação.
7 comentários:
Boa crítica, gosteu muito da analogia traçada entre Statham e van Damme/Willis, e Burrows/Chaves!!
Quando vi o filme gostei bastante, penso que até lhe teria dado um 7/10! Mas já nem me lembro muito bem porque =p
de qualquer forma, bom trabalho!!
Um abraço Knox
Dutch ;) Um grande abraço!
Bem... tenho a ligeira impressão que já li esta critica em algum lado... será plágio? :)
Agora fora brincadeira. Concordo com quase tudo o que foi dito, também achei piada à parte do Van Damme/Willis. Acho que o filme como não tenta ser algo extraordinário, acaba se calhar por perder alguns pontos no que toca a suspense/thriller mas ganha bastantes porque é um filme muito coeso e constante no que toca a acção e fluidez da história.
Gostei muito da cinematografia, por momentos pareceu-me mesmo que o filme tinha sido filmado na década de 70, não se notava como em alguns filmes que estavam a filmar como sendo da década X, mas todo o ambiente leva-nos para o ano de filmagem.
Cums Knoxville ;)
DAGC, plágio de mim mesmo eheheh :D
A cinematografia é, de facto, um trunfo do filme. É bastante credível a associação aos anos 70. Boa sorte para mais logo... espalha magia ;) Um abraço!
A magia ficou em casa... esqueci-me que era dia de espalhar a magia e a coisa correu mal.
Um Abraço para ti também daqui dum fã do teu blog ;)
Acontece ;) Um abraço!
Também dou 3* ao filme :) É um bom filme.
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