Ted Crawford (Anthony Hopkins) é um astuto engenheiro de estruturas que, ao descobrir que a sua mulher o trai com um detective da polícia, decide assassiná-la a sangue frio, na sua própria casa. Com uma serenidade impressionante e esquiva, aguarda pacientemente pela chegada da polícia e deixa-se prender com a suposta arma do crime na mão. Em vias de subir na carreira, o advogado Willy Beachum (Ryan Gosling) aceita ficar com o processo de acusação, que toma como certo, já que uma confissão verbal e escrita de Crawford dão a entender que este já era um caso encerrado, sem volta a dar. Mas a batalha pela verdade nem sempre está em harmonia com a guerra da justiça, e os jogos psicológicos entre o lobo e a raposa só agora vão começar.
Gregory Hoblit é uma figura intermitente na esfera cinematográfica de Hollywood. Responsável pelo primoroso “A Raiz do Medo”, e pelos aceitáveis “Em Defesa da Honra” e “Frequência”, Hoblit gosta de basear as suas narrativas em pressupostos judiciais e legais, sem falsas pretensões nem tiques de estrela – leia-se planos ousados e moralismos irrisórios. Em “Ruptura”, no entanto, Hoblit desilude quem esperava por um digno sucessor da obra que catapultou Edward Norton para a ribalta – a espera era justificada, já que a temática era a mesma - e oferece desde os primeiros minutos ao espectador os contornos de um crime cuja solução só às personagens adjacentes escapa. Independentemente da porta de saída escolhida, sabemos desde o início qual será o resultado final do desfecho da trama. Prova disso são os dois finais alternativos – disponíveis da versão em DVD -, que demonstram a total falta de imaginação – ou será capacidade? – em fugir ao destino previsível de um thriller que surpreende a espaços, mas que nunca deslumbra o mais exigente dos cinéfilos.
Assim sendo, o grande trunfo de “Fracture” é mesmo a recriação “Lecteriana” de Hopkins, que de forma fria e calculista, domina o elenco e, para infortúnio da obra, a própria narrativa. Provocante, Anthony Hopkins ofusca por completo o jovem Ryan Gosling, que não dá vazão a uma personagem rica em detalhes e maneirismos. Apesar da presença de vários elementos desnecessários e supérfluos ao desenvolvimento da história – como por exemplo a encantadora Rosamund Pike, que é usada como instrumento quase carnal de transições -, especial destaque para a curta participação de David Strathairn que, a entrar na casa dos sessenta, demonstra ser um actor que passou ao lado de uma excelsa carreira que só tem sido brilhante na última década.
5 comentários:
eu gostei deste filme, vale principalmente pela actuação de hopkins...
Posso dizer que este foi um daqueles filmes que me proporcionou uma extrema desilusão. isto porque esperava muito mais de um elenco de luxo e de um realizador razoável. Salvam se as interpretações de Hopkins e de Gosling que são, como sempre, excelentes intérpretes.
Abraço
Hopkins é dos poucos actores, que me fazem procurar vêr um filme. E este não será excepção.
abraço cinéfilo
Membio, é o melhor do filme, sem dúvida. Um abraço!
Fifeco, eu não levei uma grande desilusão porque as expectativas não eram grandes. Um abraço.
Luís, pena que ele esteja demasiado colado a Lecter. Qual papel deste género, são inevitáveis as comparações. Um abraço ;)
O Sr. H. estará sempre colado a Lecter. O filme é razoável mas torna-se previsvel antes de tempo.
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