sábado, dezembro 06, 2008

In Bruges (2008)

Ken (Gleeson) e Ray (Farrell) são dois assassinos a soldo que são enviados pelo seu patrão (Fiennes) para Bruges, na Bélgica, de modo a refugiarem-se de um golpe que deu para o torto – a morte de um padre em Londres que acaba por envolver uma criança inocente. Ken, apaixonado pela história e mitologia da cidade belga, aceita sem pudor o exílio e desfruta das belas paisagens arquitectónicas de Bruges. Ray, por sua vez, atormentado pela culpa de uma morte imprevista, não se contenta por um segundo por não poder voltar para a sua terra natal, e olha para a pacata cidade medieval com desdém. Dois feitios e duas atitudes que vão traçar os destinos das personagens.

Em Bruges” é inteligente, delicioso e surrealista. Violento, peremptório e cómico. Feliz a espaços, triste no seu desfecho, verdadeiro na sua premissa. Um agregado de atributos e qualidades triplas que se junta a outro conjunto tripartido: um elenco sensacional que divide méritos equitativamente entre o surpreendente Farrell, o seguro e contundente Gleeson e o vilão bipolar mas expedito Fiennes. Numa história quase teatral – o peso dos cenários e a preponderância dos diálogos assim o demonstram -, que envolve um leque extenso, mas brilhante, de personagens secundárias invulgares, que vão deste o anão racista à bela traficante de droga, passando pela prostituta de Amesterdão, tudo em “In Bruges” é absurdamente pensado ao pormenor.

Na primeira longa-metragem do dramaturgo britânico Martin McDonagh – depois de uma curta-metragem que venceu o Óscar da Academia Norte-Americana na categoria respectiva, e que também contava com a presença de Gleeson -, o londrino de trinta e oito anos começa a mostrar na sétima arte a razão pela qual venceu alguns dos mais importantes prémios da quinta arte do manifesto de Ricciotto Canudo. E traz ao circuito cinematográfico a melhor e mais refrescante comédia negra dos últimos anos, sustentada por completo no triângulo relacional da fita, sem necessidade de fogo-de-artifício manhoso de pós-produção. Um pequeno artefacto precioso que esteve quase a passar directamente para o mercado de DVD em Portugal – não seria o primeiro -, mas que a boa hora chegou às salas de cinema e provou que é possível entreter e, simultaneamente, estimular a mente dos cinéfilos. Ainda para mais, com um estilo muito próprio. Já só falta mesmo marcar a passagem aérea para Bruges.

6 comentários:

Anónimo disse...

Knoxville, por curiosidade, tens conta no cinema ptgate?

Cho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Vou dizer aquilo que já em muitos sitios não tiveram coragem de dizer e que na opinião merece... É um grande filme...

Carlos M. Reis disse...

Anónimo, sim. Por curiosidade, tens conta no Blogger? :)

Lmlas, é sim senhor. Cumprimentos.

P.R disse...

E acabou de ser nomeado à grande nos Golden Globes :P

http://takea-break.blogspot.com

Carlos M. Reis disse...

Verdade sim senhor :) Um abraço.

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